21 de mar. de 2014

Obras inacabadas e a memória curta de um povo... (*)


Volto a um tema que é recorrente na administração pública: o desperdício de dinheiro nas obras inacabadas. Aqui em Parnaíba não é diferente do resto do país. A atual gestão, a despeito da esperança em que se depositou na juventude de Florentino Neto (PT), traz o amargo gosto da sensação de decepção frente aos compromissos firmados e a lealdade com a população.
O atual modelo administrativo parnaibano em muito se assemelha a outros que usaram a máquina pública em favor da manutenção do poder de um grupo político que se afasta da ideologia e dos discursos plantados nas campanhas eleitorais. Com competência mantêm o controle da mídia em seu favor. Distribui cargos e favores políticos conforme interesses do controle hegemônico.
O mesmo dissabor d’antes. Já se passaram praticamente 15 meses dessa administração, ou seja, cerca de 30% do tempo total ao qual o cargo lhes permitem, dos 48 meses de mandato. Afinal, o tempo não para.

Lamenta-se registrar o descaso de inúmeras obras paralisadas. Fato que ninguém consegue entender: o matadouro público que em 8 anos não se conseguiu aplicar o recurso em caixa e o pior é que a população permanece consumindo carne da moita; a falta de conclusão das obras de drenagem das águas pluviais das ruas Oeste, Carpina e Anhanguera, no bairro Piauí (o famoso Piscinão); a falta de ordem de serviço para a construção de 900 banheiros para domicílios no bairro São Vicente de Paula, a licitação foi vencida no Processo de Concorrência Nº 007/2009, e o contrato assinado entre a Prefeitura e a empresa ganhadora MARCA ENGENHARIA LTDA, sob o nº contratual 143/PMP/2010; a perda do projeto de requalificação da beira rio, cerca de R$ 7.800 milhões;  o saneamento básico que se arrasta; o escândalo da Vila Olímpica; a letargia do DITALPI.
Engraçado verificar que quando as obras do governo federal emperram ou caem em problemas, como exemplo as obras do saneamento que estragaram a pavimentação, o poder público municipal sai pela tangente dizendo que não é da sua responsabilidade; mas quando as obras (em sua maioria) são do governo federal e dão certo, eles dizem que a prefeitura é quem as viabilizou, trazem para si o mérito de ter realizado, embora os recursos sejam externos. Muito engraçado!
Diz-se que criticar é muito fácil, e é. Mas fazer quando se tem compromisso é muito mais, além de gratificante. Sobremaneira, obrigação...
Outro dia numa roda um assessor do prefeito admitiu essas dificuldades e a percepção do povo quanto à ineficiência administrativa e soltou a seguinte pérola: “é, tá ruim mesmo, mas na hora certa nós vamos virar a situação, temos muitos projetos e vamos calar a boca de todos”.
Calar a boca é uma expressão usual da política local, seja com “mimos” ou com vantagens patrocinadas pelo próprio poder, como oferta de cargos, compra de produtos e contratações de serviços pela prefeitura. Não importa saber a qualidade de vida da maioria da população?
O mundo todo hoje faz uma discussão sobre a sustentabilidade. Qual é a política local para a gestão dos recursos naturais? Qual o modelo de desenvolvimento pensado pelo município? Parece que esta realidade está desintegrada das ações propostas e até do conhecimento e afinidade com o tema em boa parte da equipe responsável pela gestão municipal.
O Governo Municipal tinha que estar brigando na esfera estadual e federal pela requalificação da orla da Praia da Pedra do Sal; junto à Eletrobrás, infra estrutura de energia elétrica; apoio incondicional ao projeto DITALPI; reestruturação do transporte público; retomada das obras da Vila Olímpica; plano de desenvolvimento do turismo regional; implementação da ZPE; plano de atração de investidores, dentre outras obras estruturantes para a região.
Os estrategistas da política do grupo dizem: “Não vamos nos preocuparmos com a crítica, vamos tocar do jeito que tá, tá bom”. É, se a receita deu certo outras vezes, com esse mesmo estilo de governar, questiono-me: quem está errado? Afinal, parece lógica a estratégia: para que fazer alguma coisa agora se a eleição é só daqui a 7 meses?!
O povo visto como “de memória curta” parece não engolir mais essa estratégia. Chegamos ao limite da exaustão, ou não. Quem viver verá!!!


(*) Fernando Gomes, sociólogo, cidadão, eleitor e contribuinte parnaibano.

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