Nos dias 24, 25 e 26 de
maio, São Paulo recebeu mais uma edição do Viva a Mata - Encontro Nacional pela
Mata Atlântica, com o tema “Direitos e Deveres Ambientais”. O evento que
aconteceu na Marquise do Parque Ibirapuera foi promovido pela Fundação SOS Mata
Atlântica e teve como objetivo envolver o público nas questões ambientais,
convidando-os a participar por meio de ações de preservação e conservação da
natureza, cobrando e fiscalizando ações concretas do poder público.
Nesta 9º edição, o
evento contou com diversas atividades interativas, como exposição de projetos
ambientais desenvolvidos no Brasil, empresas parceiras e patrocinadores,
divididos em pavilhões temáticos: Florestas, Mar, Urbano, Água, Mudanças
Climáticas e Propriedades Sustentáveis. Diversas instituições marcaram
presença, como a Fundação Mamíferos Aquáticos, Instituto Ekko Brasil, AQUASIS, Projeto
TAMAR, Brasil Kirin, Pimp My Carroça, Bike Anjo, Instituto das Águas da Serra
da Bodoquena, Comissão Ilha Ativa, dentre outros.
Além das exposições de
ONGs que lutam pelo meio ambiente, a programação contou com palestras e
debates, que aconteceram nos dois caminhões de exposição itinerante “A Mata Atlântica
é Aqui”, auditório do MAM - Museu de Arte Moderna e no palco da Marquise, com
palestras, debates, teatro, contação de histórias, dança e apresentações
diversas.
Representando o Piauí,
a CIA desenvolveu atividades lúdicas com o tema “Desvendando a APA Delta do
Parnaíba”, com o intuito de trabalhar junto ao público, informações sobre a esta
Unidade de Conservação (UC). “Ao chegar, as crianças eram convidadas a embarcar
numa viagem rumo a esta UC, e para isso era necessário conhecê-la um pouco. Assim,
apresentávamos a localização da área e os municípios pertencentes; a
biodiversidade (cavalo-marinho, peixe-boi marinho, tartarugas marinhas, mero,
baleias, botos, caranguejo-uçá e guará) e a cultura local (como bumba-meu-boi e
quadrilhas). Em seguida, as crianças participavam de atividades práticas, como
a Trilha da Biodiversidade, Bingo da Biodiversidade, Contação de História,
Cantando e Dançando”, disse a técnica da CIA, Ana Cristina Carvalho.
Ao longo do evento
cerca de 300 crianças foram atendidas no estande da CIA. Segundo as crianças Ana
Caroline Machado (11) e Mariana Silva (10), as atividades foram importantes, pois
puderam conhecer alguns dos animais daquela região, assim como suas principais características.
“Para mim foi interessante saber sobre a gestação do cavalo-marinho, onde a
gravidez é de responsabilidade do macho e conhecer o mero, um peixe também
chamado de Senhor das Pedras”, completa a visitante.
A técnica da CIA,
Rosângela Santos, comenta que a participação do público superou as
expectativas. “É bom perceber que as
crianças se interessam pelas questões ambientais. Isso foi verificado durante
as atividades, a partir do interesse, atenção aos temas abordados, participação
nas atividades e o conhecimento que já possuíam sobre algumas destas temáticas,
inclusive debatendo durante as ações”.
Além da exposição, a
CIA participou ministrando a palestra intitulada “Vivências na APA Delta do
Parnaíba”, onde a técnica Kesley Paiva, apresentou um pouco do histórico, ações,
metodologias e projetos desenvolvidos pela instituição em toda a região da Área
de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba.
Ao final do evento, houve
o lançamento da campanha “Cumpra-se”, um manifesto para o cumprimento do Código
Florestal, com a participação de diversas organizações do Brasil: Associação
Mineira de Defesa do Ambiente – AMDA, Instituto Eco Solidário, Movimento
Popular Ecológico-MOPEC, Instituto Floresta Viva, WWF, dentre outras. Segundo
as instituições participantes, o atual código não é o ideal, mas precisa ser
cumprido.
Confira a íntegra do manifesto:
O BRASIL PRECISA DO CÓDIGO
FLORESTAL!
Faz um ano que o novo Código Florestal foi
aprovado, depois de um grande debate que envolveu toda a sociedade brasileira.
Isso fez com que pessoas que nunca haviam se preocupado com a preservação das
florestas, no campo e nas cidades, conhecessem um pouco mais sobre o assunto.
Ainda que essa lei não seja a ideal, ela precisa
sair do papel e ser cumprida. Para isso, vamos continuar mobilizados. A
sociedade brasileira acompanhará de perto e cobrará a sua implantação. Seja
parte disso. Esta semana, foi lançado um Observatório para acompanhar, difundir
e trocar informações.
Preocupa-nos a falta de investimentos, a lentidão e
a fragilidade do governo. Um ano depois, o novo Código Florestal continua no
papel. O apoio aos agricultores, com orientação técnica e incentivos
econômicos, vai ajudar muito no cumprimento dessa lei. A proteção e a
recuperação das matas e rios são essenciais para nossa qualidade de vida.
Para que o Código Florestal seja para valer, o
Cadastro Ambiental Rural (CAR) é o primeiro passo. Cada produtor precisa dizer
onde está e o que vai proteger. Por meio do CAR é possível planejar e regularizar
os imóveis rurais para que produzam e ao mesmo tempo conservem a natureza,
cumprindo a função social, prevista na Constituição.
A natureza brasileira – nossas nascentes, nossos
solos, nossas matas e manguezais – é muito importante para sustentar a oferta
de alimentos e produtos essenciais para a nossa vida. Sua proteção é ainda mais
importante nos lugares onde as pessoas estão expostas a deslizamentos,
enchentes, secas e contaminação ambiental. Especialistas afirmam que os
prejuízos da degradação dessas áreas são muito maiores do que o valor da sua
proteção. Recuperar é mais caro que conservar.
Essa não é a lei dos nossos sonhos. Não protege as
matas e os rios como deveria, mas é a lei que foi aprovada. Por isso, a
sociedade deve se mobilizar e cobrar para que ela saia do papel. Só assim será
possível desenvolver nosso país e melhorar a vida dos brasileiros.
O Brasil é o único país que emprestou seu nome de
uma árvore. Neste momento em que o País está em evidência e sedia grandes
eventos, se cuidar de fato da sua natureza, dará um exemplo para o mundo como
potência agrícola, econômica e ambiental, que se desenvolve em bases
sustentáveis.
Fonte: SOS Mata Atlântica.