A exemplo do ano
passado, o bloco “MARIA FUMAÇA” se prepara para desfilar no carnaval de rua de
Parnaíba deste 2013.
O samba enredo está
interessantíssimo , de fácil aprendizagem e já está sendo entoado, a todo
vapor, pelos moradores de diversos bairros, dentre eles, destacando-se, os
bairros Mendonça Clark e São José, sobretudo em relação a este último que se
considera o “berço do samba” de Parnaíba. A letra é do poeta Murilo
Castro, o “Muriloso”, consagrado sambista de Parnaíba, nascido no bairro São
José, e fala sobre o remédio “VIAGRA” que o Dr. Raul Bacellar receitava aos
seus pacientes, desejosos de manterem-se, em qualquer tempo e espaço, potencializados para a prática de atos sexuais.
A música, tem parceria de Muriloso, Artur Cacau e outros.
De autoria do jornalista
e advogado Renato Bacellar, também morador do bairro São José, o histórico do
bloco ‘Maria Fumaça” é contado dessa forma:
“O bloco carnavalesco “MARIA
FUMAÇA” fundado em 2012 é uma criação de aficionados defensores do carnaval
de rua de Parnaíba à frente do qual se destaca o poeta Murilo Castro, o
conhecido e festejado “MURILOSO”. O bloco nasceu no bairro São José,
considerado o mais antigo e o mais rico em história desta invicta e amada
cidade de Domingos Dias da Silva e Simplício Dias da Silva, dois dos mais expressivos
de seus precursores.
A “MARIA FUMAÇA”
é símbolo da história pioneira na implantação do transporte ferroviário em solo
piauiense. Com base no Decreto n°. 77, de 26 de maio de 1871, há 142 anos do
nosso tempo, o Presidente da Província do Piauhy autorizava a quem mais
vantagens oferecesse, a construção de uma estrada de ferro que, saindo da Vila
de Amarração chegasse à Parnahyba.
Decorridos os seguidos
34 anos, a contar de 1871, nenhum interessado se manifestou pela construção da
linha ferroviária. Assim, foi quando em 1905, um jovem engenheiro de 26 anos,
Miguel Furtado Bacellar, nascido no “Brejo dos Anapurus”, no vizinho Estado do
Maranhão, por nomeação do Presidente da República, aceitou o desafio de tornar
realidade esse sonho do valoroso povo de Parnahyba para alavancar o progresso e
o desenvolvimento, naquela época, do Estado do Piauhy.
A primeira locomotiva,
batizada de “Piauhyense”, posteriormente apelidada de “MARIA FUMAÇA”,
que é a que permanece aos dias atuais, foi inaugurada no dia 19 de novembro de
1916, isto é, há 97 anos, para percorrer inicialmente o trecho ferroviário
“Amarração – Parnahyba”.
O jornal “A Semana”, de
Parnahyba, em sua edição de 26 de novembro de 1916, deu a seguinte notícia: “O
dia 19 amanheceu nublado mas cheio dessa claridade agradável do inverno. Um
chuvisco fino, tenuíssimo, calmo a intervalos. Grande era o movimento na
cidade, sobretudo na Rua Grande e suas imediações. Parnahyba desde cedo
apresentava um ar vivo, acentuado, de festa, música, ornamentação, flores,
fortes tons de alegria em todas as suas ruas, riso franco e espontâneo
aflorando em todas as bocas. É que naquele dia o povo ia ver a quase realização
de seus desejos mais ardentes: ia ser lançada a pedra fundamental de nossa
estação de caminho de ferro e uma locomotiva, a primeira do Piauhy, ia correr
no trecho único até hoje construído neste Estado”.
Merecedor de todos os
reconhecimentos esteve o apoio indormido que o Dr. Miguel Furtado Bacellar
recebeu de centenas de bravos operários, nascidos em Parnaíba, ou dos que
fizeram desta cidade a segunda terra natal. Os ferroviários, muitos dos quais
remanescentes de outroras épocas até que se desse a desativação da linha férrea
ligando Luís Correia (antiga Vila da Amarração) a Teresina, ainda hoje são
encontrados em Parnaíba, e, portanto, dignos de serem louvados pelo Bloco “MARIA
FUMAÇA” através deste desfile carnavalesco para ficar patenteada a gratidão
eterna do povo parnaibano.
O Bloco “MARIA FUMAÇA”
homenageia o Dr. Raul Bacellar, misto de farmacêutico-médico, que viveu 106
anos, a provar que a “VIAGRA” já existia, desde remota época, por manipulação medicamentosa de fórmula
química dele próprio. Também homenageia os históricos e assíduos freqüentadores
do “Cheira Mijo”, famosa zona meretrícia
do bairro São José, considerada a primeira, de quem se tem notícia,
fixada na cidade de Parnaíba. Barqueiros e prostitutas se entregavam mutuamente
naquele recanto ribeirinho do Igaraçu para saciar instintos sexuais dosados a
muita bebedeira de cachaça. Enquanto o “Munguba”, o outro cabaré do bairro São
José, era freqüentado, nos recônditos das madrugadas, por figuras da sociedade
que entravam escondidas ou disfarçadas, pois não desejavam ser descobertas de
suas fugidas do leito familiar, no “Cheira Mijo” o frenesi da volúpia se
dava às escancaras, em franca libertinagem, não importando o horário do dia ou
da noite. Assim, o “abre ala” “Cheira Mijo” homenageia o bairro TUCUNS,
posteriormente denominado para bairro São José, pois, como é voz corrente,
“O BERÇO DO SAMBA É AQUI !”.
O Bloco “MARIA FUMAÇA”
homenageia ainda o bairro São José como um todo. Em que pese a tentativa de
antepassados de fixar sua origem na localidade “Testa Branca”, Parnaíba,
induvidosamente, nasceu às margens do rio Igaraçu, na chamada zona portuária do
norte urbano (Porto Salgado, posteriormente denominado, ao que permanece
aos dias atuais, Porto das Barcas). Cresceu e progrediu sob o impulso de
corajosos barqueiros e estivadores a transportar mercadorias de produção
nativa, também agrícola e da pecuária, ou que retiradas do rio e do mar, todas
em abundancia e em variedade inigualável existentes em cercanias do litoral da “Princesa
do Igaraçu” e em localidades ribeirinhas do vizinho Estado do Maranhão.
A “locomotiva” que se
apresenta no desfile carnavalesco, foi confeccionada por luminares artesões
desta cidade, constituindo-se numa réplica fiel da que, nos dias de hoje, se
encontra exposta na Avenida Governador Chagas Rodrigues confinante com a
Avenida Presidente Getúlio Vargas (antiga Rua Grande). Às expensas unicamente
da Fundação Dr. Raul Furtado Bacellar – RFB (entidade não governamental, sem
fins lucrativos, com atividades voltadas para a educação, cultura, preservação
do meio ambiente, proteção à criança, também ao adolescente e ao idoso, dentre
muitas outras), a primitiva máquina já foi recuperada em duas ocasiões: 2006 e
2008.”