Neste imenso espaço de velhos armazéns feitos na pedra bruta, que os historiadores insistem serem feitos de argamassa com óleo de baleia, estão alguns poucos pontos comerciais, loja de artesanato, museus e até uma pousada. Mas já teve restaurante de categoria, depois fechado, retomado a abrir e fechado de novo. É assim o Porto das Barcas. Tem seu pico de freqüência, declina, sobe outra vez na chamada alta temporada e cai por terra de vez em quando.
Até hoje não me convenceu de que se trata de lugar mais apropriado para representar turisticamente a tão cantada Princesa do Igaraçu, a Parnaíba de tantos nomes e títulos pomposos. O complexo do Porto das Barcas atualmente não passa de um monstruoso complexo de escombros a meter medo naqueles que insistem em visitar a parte mais antiga de Parnaíba. O turista chega, seja de dia ou de noite, e não encontra um guia para obter mais informações. Todo aquele labirinto de paredes carcomidas mais parece uma
casa mal assombrada.
Se quiser uma refeição, no caso de dia, vai ter que ficar no desejo porque até hoje nunca um restaurante funcionou ali para almoço ou jantar. Pode até já ter funcionado, mas o que conta pra mim é o presente. Não tem uma galeria de arte, banheiros limpos, livrarias, ponto de taxi, cartões postais, linha de transporte coletivo, atrações folclóricas, por exemplo. Não, o Porto das Barcas é lugar pra se ir apenas uma vez e se esquecer, igual nas pirâmides do Egito. Lá não tem qualquer traço de algo que lembre uma civilização porque não tem ninguém pra dizer isso para o turista.
Aliás, o centro velho de Parnaíba está um horror. Custa crer que passados tantos anos desde a demarcação de sua área tombada como patrimônio histórico e arquitetônico, o que implica cuidados pelo IPHAN, a única obra até agora restaurada é a Casa Grande, que por sinal até agora não tem nada dentro. E os outros edifícios assim como o que abriga o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico? Certamente devem estar
esperando se passar mais uns anos, então eles desabam e viram entulho. Porque como peça turística eles não aguentam muito tempo não.