Mineiro de Muriaé, ele foi senador e um dos maiores empresários da indústria têxtil do Brasil.
O ex-vice-presidente da República José
Alencar morreu na tarde desta terça-feira (29). Ele estava internado
"com quadro de suboclusão intestinal (obstrução do intestino com
sangramento), em condições gravíssimas", conforme o boletim médico
divulgado.
Conhecido
pelo largo sorriso, bom humor e otimismo, Alencar fez 14 cirurgias e
dois implantes de stent (cateter com um pequeno balão na ponta) devido
ao entupimento de artérias. A maior parte das cirurgias foi para
combater o câncer, doença contra a qual luta desde 1997. Ele dizia não
ter medo da morte, mas lutava sempre pela vida.
Nascido
em Muriaé, na Zona da Mata mineira, em 17 de outubro de 1931, o
ex-vice-presidente da República José Alencar Gomes da Silva foi senador
por Minas Gerais e um dos maiores empresários daquele estado, onde
fundou a Coteminas, sua principal empresa, que atua no ramo têxtil.
Começou
a exercer a vice-presidência da República no dia 1º de janeiro de 2003,
depois da vitória do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em
2004, Alencar passou a acumular a vice-presidência com o cargo de
ministro da Defesa, onde ficou até março de 2006. No governo,
destacou-se também por reclamar das altas taxas de juros vigentes no
país, que chegou a chamar de "criminosas"
Filho
de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva, Alencar
começou a trabalhar aos 7 anos de idade, ajudando o pai em sua loja. Com
15 anos, foi trabalhar como balconista numa loja de tecidos e, aos 18
anos, começou seu próprio negócio, contando com a ajuda de seu irmão
Geraldo Gomes da Silva. Era casado com Mariza, com quem comemorou bodas
de ouro e teve três filhos: Maria da Graça, Patrícia e Josué. Também
teve netos e bisnetos.
Em
31 de março de 1950, abriu sua primeira empresa, denominada A
Queimadeira, localizada na cidade de Caratinga (MG), onde vendia
diversos artigos, tais como chapéus, calçados, tecidos e guarda-chuvas.
Manteve essa empresa até 1953, quando decidiu vendê-la e mudar de ramo.
Iniciou
seu segundo negócio na área de cereais por atacado, ainda em Caratinga.
Depois, participou, em sociedade com José Carlos de Oliveira, Wantuil
Teixeira de Paula e seu irmão Antônio, de uma fábrica de macarrão. Em
1963, constituiu a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, que
mais tarde passou a se chamar Wembley Roupas S.A.
Em
1967, em parceria com o empresário Luiz de Paula Ferreira, fundou, em
Montes Claros (MG), a Companhia de Tecidos Norte de Minas, Coteminas. A
empresa cresceu e conta, atualmente, com 11 unidades que fabricam e
distribuem fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e
de rosto, roupões e lençóis para o mercado interno, Estados Unidos,
Europa e países do Mercosul.
Ricardo Stuckert/PR
O ex-presidente Lula e a atual presidente Dilma Rousseff em visita a José Alencar no mês de dezembro no Hospital Sírio-Libanês
Vida pública
Alencar
foi presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais e
vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), entre
outros cargos. Candidatou-se às eleições para o governo de Minas Gerais
em 1994, mas não foi vitorioso. Em 1998, disputou uma vaga para o Senado
e conseguiu se eleger com quase três milhões de votos.
No
Senado, Alencar foi presidente da Comissão de Serviços de
Infraestrutura (CI) e integrou a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Também participou como membro efetivo da Comissão de Assuntos Sociais
(CAS).
Como
vice-presidente da República, foi voz discordante dentro do governo
contra a política econômica defendida pelo então ministro da Fazenda,
Antonio Palocci. Sua crítica principal recaiu sobre o método de fixar
altas taxas de juros para conter a inflação e manter a economia sob
controle. Alencar assumiu várias vezes a Presidência da República, por
ocasião das viagens internacionais de Lula. Chegou a ser considerado
pela Revista Época um dos cem brasileiros mais influentes do ano de
2009.
Agência Brasil
Em
setembro de 2009, disse que pretendia disputar mais uma vez o cargo de
senador nas eleições de 2010, caso conseguisse se recuperar dos
problemas causados pelo câncer. Em abril de 2010 anunciou, entretanto,
que não iria mais disputar as eleições para o Senado nem para qualquer
outro cargo. Acrescentou que tal decisão foi tomada após conversa com
Lula.
Ele
voltaria mais uma vez ao Congresso, no dia 2 de fevereiro de 2010,
quando discursou - como vice-presidente da República - durante a
cerimônia de abertura dos trabalhos legislativos, emocionando deputados e
senadores ao falar de sua luta contra o câncer. Na ocasião, foi
aplaudido de pé, e confessou sentir saudades do tempo em que foi senador
por Minas Gerais.
Fonte: Agência Senado
Edição Blog do Pessoa