Um
salto expressivo no registro de pontos de exploração sexual infantil, é
revelado pelo levantamento mais recente do Projeto Mapear mostra nas rodovias
federais do Brasil. Mais de 17 mil locais foram identificados no biênio
2023-2024 — alta de 83% em relação ao período anterior. Com 6,5 mil pontos, o
Nordeste permanece na liderança do ranking, seguido pelo Sudeste, com 5 mil
registros.
Realizado
pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em parceria com a
organização Childhood Brasil, o Projeto Mapear, mapeia áreas suscetíveis à
exploração de crianças e adolescentes nas estradas federais.
Bruna
Bacelar, coordenadora-geral de Direitos Humanos da PRF, avalia que o
crescimento dos números indica maior presença policial.
Como
funciona o mapeamento e classificação dos pontos
Características
como iluminação, fluxo de pessoas e venda de bebidas alcoólicas, fazem parte do
cadastro dos pontos avaliados pelos agentes da PRF com uso de um aplicativo. Os
locais são classificados em quatro categorias: crítico, alto risco, médio risco
e baixo risco.
Os
mais citados, entre os estabelecimentos estão postos de combustíveis (1,7 mil),
pontos de alimentação (1,3 mil) e bares (1,2 mil). Apesar dessa ampliação no
número total dos registros, o porcentual de locais críticos ou de alto risco no
Nordeste caiu em relação ao levantamento anterior.
A
pesquisa passada, da Childhood Brasil, mostrou que os 176 pontos críticos
correspondiam a 5,7% do total nordestino; agora são 249 pontos, ou 3,8%, índice
inferior à média nacional de 4,6%. O Sudeste lidera em número absoluto, com 258
pontos críticos (5,1%).
O
Nordeste soma, em relação aos locais de alto risco, 759 pontos (11%), contra
765 no Sudeste (15%).
Desafios
para a prevenção de exploração sexual no Nordeste
As
informações do projeto também são compartilhadas com as redes municipais.
Facilitando a elaboração de estratégias preventivas. Eva atribui o aumento de
registros no Nordeste à extensão das rodovias federais e litorâneas na região.
Os
estados do Ceará (15%), Paraíba (8%) e Maranhão (6%) têm porcentuais de pontos
críticos acima da média nacional. O perfil das vítimas, nessas localidades, é
recorrente: meninas menores de idade, em condição social vulnerável, baixa
escolaridade e moradoras de periferias ou zonas rurais.
Órgãos,
na Paraíba, como conselhos tutelares, escolas e forças de segurança articularam
iniciativas conjuntas para o combate à exploração sexual infantil.
O
projeto Combate Permanente à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes é
mantido pelo Ministério Público, no Maranhão, mas relata dificuldades em razão
da subnotificação e recursos limitados.
Importância
da atuação escolar e denúncias
A
psicóloga, especialista em direitos das crianças, Andréa Cordeiro, ressalta que
ações nas escolas municipais e estaduais são fundamentais. E destacou que
campanhas como o Maio Laranja aumentam as denúncias, mas poucas cidades mantêm
ações contínuas durante o ano.
Denúncias
podem ser feitas pelo Disque 191, para casos nas rodovias federais, ou pelo
Disque 100, que recebe e encaminha relatos de violência sexual contra crianças
e adolescentes de todo o país. O aplicativo Direitos Humanos BR também está
disponível gratuitamente. Crimes virtuais podem ser denunciados no site da
Safernet (new.safernet.org.br/denuncie).