A discussão sobre a criação de um exame de proficiência obrigatório para médicos recém-formados, popularmente chamado de "OAB da Medicina", ganhou força e está sendo ativamente debatida no Brasil, com a apresentação de projetos de lei no Senado.
A proposta visa garantir que, diante da expansão desordenada dos cursos de medicina (que triplicaram em 20 anos), os novos profissionais estejam minimamente aptos a exercer a função antes de obter o registro no Conselho Regional de Medicina (CRM).
A ideia encontra forte respaldo na sociedade. Um levantamento do Datafolha, encomendado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), mostrou que 96% dos brasileiros defendem a criação de uma prova obrigatória.
O CFM, por meio do coordenador de sua Comissão de Ensino Médico, Alcindo Cerci Neto, apoia a medida. Ele argumenta que o exame é necessário para avaliar o raciocínio clínico, as habilidades práticas e a comunicação dos recém-formados.
“Existe uma epidemia de profissionais que entram no mercado de trabalho e não conseguem fazer atendimentos básicos com qualidade. Queremos garantir que esse profissional que lhe atende seja minimamente qualificado para tal”, defendeu Cerci Neto.
Apesar do apoio, a proposta divide a comunidade médica e acadêmica:
Redundância e Burocracia: Críticos, como Mohamad Abou Wadi, da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), argumentam que o exame seria redundante, visto que o Ministério da Educação (MEC) já possui o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed).
Enamed vs. OAB Médica: O CFM rebate, afirmando que o Enamed avalia a qualidade dos cursos de forma teórica, enquanto a prova de proficiência para o CRM seria um exame prático-teórico para o indivíduo, atestando sua capacidade mínima de atendimento, independentemente da instituição de ensino.
Desigualdade e Ensino Pobre: Estudantes temem que um novo exame aumente a burocracia, a ansiedade e as barreiras financeiras para os mais carentes. Há também o risco de que as faculdades passem a focar o currículo em "cursinhos para prova", em vez de priorizar o desenvolvimento de habilidades essenciais.


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