
O litoral brasileiro é lar de uma biodiversidade marinha impressionante, e um dos principais destinos das tartarugas-marinhas está justamente no estado com a menor extensão litorânea do país: o Piauí.
Com apenas 66 km de costa, esse pequeno trecho se transforma anualmente em palco de um espetáculo natural único, quando as tartarugas-oliva e tartarugas-de-couro chegam para desovar
A tartaruga-oliva, uma das menores espécies marinhas, mede cerca de 60 centímetros e pesa menos de 50 quilos. Seu nome vem da tonalidade verde-oliva de sua carapaça, que lembra a cor da azeitona. Entre os meses de setembro e março, elas constroem seus ninhos na areia, assegurando a continuidade da espécie.
No entanto, muitos desses ninhos ficam próximos a bares e áreas movimentadas, o que exige medidas de isolamento para proteger os ovos até o nascimento dos filhotes.
A desova também atrai turistas para o Piauí, especialmente para a cidade costeira de Luís Correia, que conta com cerca de 30 mil habitantes. Praias como Atalaia e Coqueiro se tornam verdadeiros berçários para as pequenas tartarugas, que ao nascerem, iniciam sua jornada rumo ao mar. Outras praias do município, como Peito de Mola, Itaqui, Carnaubinha, Maramar e Macapá, também fazem parte desse ciclo natural fascinante.
No entanto, a presença humana traz desafios à sobrevivência dessas criaturas. Além dos turistas que frequentam a região, há quem use carros e motos nas praias, o que coloca em risco a vida das tartaruguinhas.
Para minimizar esses impactos, pesquisadores do Instituto Tartaruga do Delta monitoram os ninhos e acompanham a eclosão dos ovos, buscando garantir que os filhotes cheguem ao oceano com segurança. Apesar da existência de uma portaria municipal proibindo o tráfego de veículos nas praias, ainda há registros de desrespeito às normas, especialmente em períodos sem fiscalização.
Outro visitante notável das praias do Piauí é a tartaruga-de-couro, a maior espécie de tartaruga-marinha do mundo. Esse animal impressionante pode alcançar até 2,2 metros de comprimento e pesar até 700 quilos. Sua chegada ao Piauí é um fenômeno marcante, considerando que ela percorre longas distâncias desde águas frias, como as do Canadá, até as praias tropicais brasileiras. Em 2024, uma tartaruga-de-couro foi equipada com um chip para ajudar nos estudos sobre seu trajeto migratório.
Além de seu tamanho imponente, a tartaruga-de-couro desempenha um papel ecológico crucial. Uma curiosidade interessante é que ela é uma grande predadora de águas-vivas. Como esses animais podem atingir velocidades de até 35 km/h no oceano, sua alimentação ajuda a controlar as populações de águas-vivas, cuja proliferação tem gerado preocupações, especialmente em locais onde ataques a banhistas têm se tornado mais frequentes.
Apesar de sua pequena extensão, o litoral do Piauí desempenha um papel de grande responsabilidade na conservação dessas espécies marinhas. O esforço conjunto de pesquisadores, ambientalistas e autoridades é essencial para garantir que esse refúgio continue a ser um local seguro para a reprodução das tartarugas-marinhas, proporcionando um espetáculo natural único para moradores e turistas.
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