Ação que recebe nome de "Deixe o caranguejo namorar" chama a atenção para conservação de espécie durante o período de reprodução. Medida se estende de 10 a 15 de fevereiro.
Ucides cordatus, conhecido popularmente como caranguejo-uçá — Foto: nrjmelvint / iNaturalist |
Após o primeiro defeso do ano, ocorrido de 12 a 17 de janeiro, um novo período de proteção se iniciará neste sábado (10). A medida vai até o dia 15 de fevereiro e abrange os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amapá.
Caranguejo-uçá está na categoria "quase ameaçado", no livro vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção de 2019 — Foto: Luis Cadena / iNaturalist |
Durante as janelas de defeso da espécie, conforme portaria do Ministério da Pesca e Aquicultura, fica proibida a captura, transporte, beneficiamento, industrialização e comercialização de qualquer indivíduo da espécie Ucides cordatus nos estados acima.
Depois de fevereiro, o próximo período de defeso do caranguejo-uçá ocorre de 11 a 16 de março. Segundo o ICMBio, tais datas são escolhidas por conta da lua nova, que é quando macho e fêmea saem de suas tocas para o acasalamento e desova.
Nomeada como "Deixe o caranguejo namorar", a campanha busca garantir a sustentabilidade da atividade econômica ligada ao uçá e conservação da espécie. O descumprimento é considerado como infração ambiental, podendo ser enquadrado com crime.
A espécie
Encontrado na costa do Atlântico Ocidental, o caranguejo-uçá é uma espécie semi-terrestre que pode ser vista desde a Flórida, nos Estados Unidos, passando pela América Central e se estendendo até a costa do estado de Santa Catarina, no Brasil.
Mais que um caranguejo comum, o uçá participa do processo de serrapilheira, fluxo energético, bioturbação de sedimentos e ciclagem de carbono e matéria orgânica nos manguezais.
Como explica a bióloga e mestranda em Ciências Ambientais pela Universidade de Taubaté, Beatriz Santos de Almeida, o animal ajuda na manutenção da saúde e funcionamento do manguezal. A espécie é considerada "quase ameaçada" no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção de 2019.
Além de cumprir esse importante papel ecológico, o Ucides cordatus também possui uma enorme importância econômica, sendo uma das principais fontes de renda de comunidades ribeirinhas. Vale lembrar que a "catação de caranguejos" é umas das atividades extrativistas mais antigas do país.
"A reprodução do caranguejo-uçá é sazonal e, geralmente, está associada à estação chuvosa. O período reprodutivo é determinado pelas fêmeas, enquanto os machos estão aptos à reprodução durante todo o ano. O acasalamento ocorre durante a intermuda, com comportamentos como a liberação de ovos para o abdômen da fêmea e disputas entre machos", explica a bióloga.
Ainda segundo ela, durante o defeso, a pesca do caranguejo é proibida, permitindo que a espécie perpetue sem interferência humana, o que ajuda a manter a população estável e evitar a sobrepesca.
"O defeso também contribui para a proteção do manguezal, sendo crucial para as espécies que ali habitam, além de desempenhar um papel fundamental na proteção da costa contra erosão e na mitigação dos impactos das mudanças climáticas".
"Embora seja apreciada como uma iguaria, a captura e venda de fêmeas ovígeras, assim como de caranguejos com menos de 60 milímetros de largura da carapaça, é proibida no Brasil durante todo o ano. As restrições visam proteger as populações de caranguejos e preservar a renovação da espécie, conforme estabelecido por portarias do Ibama e do SAP/MAPA", finaliza.
Por Giovanna Adelle, Terra da Gente | Edição: Jornal da Parnaíba
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