23 de set. de 2023

CRÔNICA SOBRE O RIO IGARAÇU


Para Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante


Segue o rio

e a sua majestosa 

correnteza


Nunca se termina

o sublime desse rio


Nunca se termina

esse rio

longínquo 

que nunca termina


suas águas, seus fluidos 

sonoros


remoto como a Morte

distante como o Tempo

afastado como o Amor

que nunca terminam,


esse rio, esse rio,

por terra imenso

sua alma descabida

infindo, eterno,

que nunca termina...


esse rio, esse rio,

suas vidas, seus destinos

que nunca terminam...


(o ribeirinho chega

a termo de nunca

terminar a linguagem

vista do rio)


Nunca termina a voz 

desse rio telúrico

sedento do excelso

que nunca termina...


O rio Igaraçu

termina no mar do Piauí,

mas o mar nunca termina,

terminar não rima

com o oceânico,

porque o céu,

porque o abismo,

no coração fluvial,

não terminam, 

porque o dedo de Deus

nunca termina,

porque a Poesia

não termina,

nem o silêncio

termina


Poema de Diego Mendes Sousa

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