3 de jun. de 2023

Ministério Público Federal apura conflito de terras em Barra Grande

Moradores de Barra Grande enfrentam jagunços em conflito de terras

O Ministério Público Federal -MPF, instaurou um inquérito para investigar o conflito de terras em Barra Grande, povoado do município de Cajueiro da Praia, no litoral do Piauí e onde fica uma das praias mais conhecidas e visitas do litoral do Piauí.

A intervenção do MPF ocorreu após representação da Associação Comunitária do Projeto de Assentamento Nova Barra Grande. A terra pertence à União e faz parte da área de proteção ambiental do Delta do Parnaíba. 

O Ministério Público Federal informou que requisitou à Superintendência do Patrimônio da União no Estado do Piauí a realização de fiscalização no local, ainda pendente de execução.

O grupo de moradores afirma que empresários ordenaram que jagunços invadissem, fazendo ameaças aos proprietários.

Revolta, tensão e enfrentamento

Na quinta-feira (01) uma multidão de antigos moradores (nativos) de Barra Grande, se revoltou, enfrentou jagunços e tocou fogo em um trator e um caminhão numa área que estava sendo desmatada por ordem de grileiros que atuam naquele região.

Houve muita correria, cunfusão. Os revoltados com a invasão das terras que seriam deles partiram para a briga e colocaram jagunços a serviços dos grileiros para correr. Ele fugiram para não ser linchados.

A reação dos “nativos” foi organizada por líderes da associações de moradores do lugar. Um deles disse que os revoltosos cansaram de esperar uma ação efetiva do Governo do Estado e do Poder Judiciário para acabar os conflitos pela posse da terra que vem ocorrendo há vários anos em Barra Grande e outras áreas do litoral do Piauí.

A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados. A tensão só diminuiu no fim da tarde com a presença dos policiais. O clima continua tenso e se a Segurança do Estado não fizer uma intervenção séria, novos conflitos podem ocorrer em Barra Grande neste fim de semana.

De acordo com moradores, Barra Grande está vivendo um clima de muita tensão e violência em função da grilagem de terras aliada a especulação imobiliária por causa da perspectiva de grandes investimentos do governo do estado na área do turisno naquela região.

A terra onde ocorreu a invasão seriam da União. Nelas viviam famílias que deram origem ao povoado. Tratores e caminhões estavam sendo usados para limpar a área a mando de grileiros e especuladores imobiliários que agem livremente em todo o litoral do Piauí.

Para um dos moradores de Barra Grande o que houve na quinta-feira foi uma revolta com “os desmandos aqui na região, com grileiros afrontando quem tem terreno”,  disse um dos revoltosos com um facão na mão.

A ausência do estado, notadamente dos poderes Executivo e Judiciário, tem colaborado para que a situação se agravasse nos últimos anos. Barra Grande virou uma espécie de “Terra de Ninguém”, com imposição das regras pelos que detém o poder econômico e financeiro.

O clima tenso e a violência por causa da briga por terras pode acabar prejudicando o turismo em Barra Grande, uma das praias mais conhecidos e visitados do litoral do Piauí durante o ano inteiro.

De olho nos capangas

A Secretaria de Segurança do Estado designou uma equipe para investigar e identificar quem são os homens que agem como jagunços de grileiros de terras em Barra Grande e outras localidades do litoral do Piauí.

A informação é do secretário de Segurança do Piauí, advogado Chico Lucas. Segundo ele, a intenção dessa investigação é, principalmente, saber se há agentes do Estado, como policiais civis e militares, trabalhando como “capangas” de grileiros.

Há denúncias dando conta de que, em Barra Grande, homens armados chegam nas casas de antigos moradores em áreas mais distantes da praia e simplesmente ordenam a desocupação com truculência, ameaças e sem a menor explicação.

“Os capangas dos grileiros estão tocando terror entre os pobres de Barra Grande. Os moradores mais antigos, nativos. estão sendo expulsos de suas casas. Os que não baixam a cabeça para os poderosos são ameaçados pelos capangas deles. A Polícia e a Justiça fazem de conta que não vêem”, diz uma líder dos moradores.(piauihoje)

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