Para falar sobre as projeções das pesquisas eleitorais do 1º turno das eleições, em comparação com os resultados observados neste domingo, 3, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas. O especialista apontou que os erros de alguns dos levantamentos regionais de outros institutos, como o Ipec e o Datafolha, já podiam ser percebidos durante a campanha eleitoral: “Como nós fizemos em quase todos os estados da nação, várias vezes, a gente tinha muito claro os resultados regionais. Então ficava muito evidente para a gente quando os principais institutos estavam errando, principalmente no sul do Brasil. A gente alertou isso várias vezes. Era impossível Lula estar empatado ou estar ganhando no sul do Brasil. Paraná e Santa Catarina tem mais de 20% de diferença de voto. Como que eles davam resultados de empate ou vitória no Rio Grande do Sul? No Estado de São Paulo, a Paraná Pesquisas várias vezes divulgou, e o Bolsonaro chegou a ficar 6 pontos na frente”.
“Fomos alvo de muitas críticas. Nós fomos o primeiro instituto que deu empate entre Marcos Pontes e Márcio França, há alguns dias da eleições. Fomos muito criticados por causa disso também. Para nós, ficou muito claro que a maior parte do erro deles vinha dos resultados regionais. Resultados regionais completamente absurdos e, por algum motivo, alguns veículos de comunicação não queriam enxergar isso. Preferiam criticar a Paraná Pesquisas”, declarou o executivo. Hidalgo relembrou o momento do início da campanha em que veículos de imprensa fizeram um ranking de institutos de pesquisa e criticou a iniciativa: “Segundo o ranking, o Paraná Pesquisas e o Instituto Atlas eram os piores institutos de pesquisa do Brasil, nota zero. E o Ipec e o Datafolha eram considerados institutos nota cinco. Um ranking, na nossa visão, não deveria existir porque a própria história vai dizer quais foram as empresas que mais se aproximaram do pleito. Não significa que, porque a Paraná Pesquisas se aproximou, que ela é melhor que o Ipec e o Datafolha. A grande mídia, de uma maneira geral, tem que tratar todos nós de uma maneira igualitária. Porque a Paraná Pesquisas e outras empresas estavam dando resultados diferentes dos apresentados por outros institutos, nós viramos alvos de agressões por parte dessa imprensa”.
O especialista defendeu que institutos de pesquisa sejam mais responsabilizados por altos índices de erro e que uma maior regulamentação seja aplicada aos institutos de pesquisa: “Diferentemente do que todos os meus concorrentes pensam, eu acho que tem que haver uma nova legislação com relação a isso. Eu acho que não pode ficar tão solto, como da maneira que está. Se a gente for ver, tem institutos que historicamente erram. Eles mais erram do que acertam. Passa eleição, vem eleição, e são os mais comentados novamente. Eu acho que tem que ter uma certa regulamentação de até onde vai isso. Não tem como negar, prejudica demais os candidatos. Tem candidatos hoje que estão dizendo que chegaram muito próximos e perderam as eleições porque as pesquisas de véspera mostraram eles muito atrás, e eles chegaram a 1 ou 2 pontos dos seus oponentes. O impacto das pesquisas divulgadas nos veículos de comunicação, não tem como negar, é muito forte. Sou a favor que haja uma legislação que regulamente mais os institutos de pesquisa do que como é hoje”.
“A pesquisa funciona como informação. Ela deveria ser uma peça de informação ao eleitor. Infelizmente, hoje, ela funciona como uma peça de marketing ou uma peça de indução. Essa é uma coisa que a própria mídia precisa discutir sobre a mudança da forma de divulgar as pesquisas. A pesquisa é uma informação, ela não pode ser uma peça publicitária”, afirmou. O diretor do Instituto Paraná Pesquisas também fez uma análise a respeito da disputa em São Paulo. Para o especialista, os institutos de pesquisa não identificaram a transferência de votos de Rodrigo Garcia (PSDB) para Tarcísio de Freitas (Republicanos), por isso erraram ao apontar uma liderança de Fernando Haddad (PT) nos últimos levantamentos antes do 1º turno: “O fato do Tarcísio com o Rodrigo ficou muito claro. Da forma como foram divulgadas as últimas pesquisas eleitorais do Estado de São Paulo, houve uma desidratação do eleitorado do Rodrigo, que migrou intensamente para o Tarcísio. No segundo turno, Tarcísio deve largar com uma vantagem muito grande. Mas não significa que já ganhou as eleições”.
A nível nacional, o especialista analisou que os números do 1º turno e outros fatores externos apontam para condições a favor de Lula (PT) e também a favor de Jair Bolsonaro (PL), o que deve acirrar ainda mais a disputa pela presidência da República: “A favor de Jair Bolsonaro pode pesar a economia, as pessoas vão receber a terceira parcela do auxílio emergencial, e o próprio fato do Lula não ter ganho no primeiro turno. Toda uma expectativa se criou de que a eleição estava decidida. Eu acho que isso pode ajudar muito, principalmente se o Cláudio Castro e o Zema entrarem na campanha dele. O que pesa à favor do Lula? Ele está muito mais próximo da vitória do que Bolsonaro. Ele está a quatro pontos da vitória”.
Fonte: Jovem Pan
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