13 de out. de 2021

OPINIÃO - Arimateia Azevedo


O compadre Albert Piauhy lia tanto para mim a história do Prometeu, que a decorei. Resumindo. Por desafiar o todo poderoso Zeus, foi acorrentado num rochedo, no meio do mar. Durante o dia, uma águia vinha devorar-lhe o fígado, recomposto durante a noite, quando se aliviava das dores, com tudo começando ao raiar do dia. Assim estava, por anos, quando um mensageiro veio a acordo, que ele não aceitou, dizendo que preferia ficar naquela situação do que virar lacaio. E assim ficou entregue à própria sorte, até ser salvo por Hércules que, após os 12 trabalhos, matava o tempo fazendo destas e doutras aventuras. Ou foi o centauro Quiron, que o libertou, matando a águia com tiro certeiro de flecha, e dando-se ao sacrifício, querido Zózimo Tavares?

Lembrei do Prometeu, ao ver a situação kafikaniana do jornalista e bacharel em Direito Arimateia Azevedo, o anjo torto do jornalismo piauiense. O desafiante dos poderosos de hoje, com a pena implacável que tanto chicoteia os tidos intocáveis. Foi assim ontem quando, por veredas pantanosas, desmanchou a farsa da prisão de três inocentes no assassinato do jornalista Helder Feitosa, dono do jornal O Estado e da Rádio Poty e um dos renovadores da imprensa Mandu Ladino. Os verdadeiros culpados, ainda hoje estão tirando o ouro do nariz, acobertados pelos sacripantas que nos rodeiam em peles de cordeiros. E, também, a do crime organizado, chefiado pelo atrabiliário servo útil coronel Correia Lima, o alter ego dos quatro poderes na Chapada do Corisco: executivo, legislativo, judiciário e maçonaria. Os verdadeiros barões assinalados. Ninguém poderia ter tanto poder, e agir a descoberto, se não fosse, igualmente, também, tão bem acobertado. E o Arimateia Azevedo teve a audácia de roubar o fogo sagrado desta corja insana para nos dar uma luz no final do túnel, colocando os homens maus, dos podres poderes, à chama acessa do cigarro da Não Se Pode, a dama misteriosa que ronda a noite da tristeresina. Aliás, o crime organizado no Piauí foi o tema do TCC dele para obtenção do título de bacharel em Direito, defendido com brilhantismo e recebendo o louvor da banca examinadora. Como bom nordestino, ele não se abaterá e nem se acovardará diante destes chagarentos morais. Jamais será um lacaio de teu pai; mensageiro fiel. Não cobro posição dos homens e das instituições a teu favor. Os que te conhecem, companheiro, pela nobreza da tua vida e solidariedade das tuas ações, te seguem, te defendem e te defenderão, custe o que custar. Os demais, eles passarão... Nunca precisei do velho amigo, em qualquer tempo, em qualquer circunstância, que me haja negado o fogo sagrado que braseia o coração dos gentis, dando-me o conforto do calor humano e a certeza de que tenho um amigo leal e pronto a contar nos meus apertos. Por isto o desespero é menor e a dor suportável. E serei eternamente grato por tudo que me fizera, sem alarde ou estendendo a outra mão. Não só porque sou devedor eterno, mas por pertencer o mesmo clã, esteja certo, jamais te deixarei na escuridão, ferido no campo de batalha, onde trava o bom combate. Mantenha-se firme, cabeça erguida, e conte comigo, nunc et semper, bravo e amado Arimateia Azevedo, seja na dor do Penedo ou na alegria do teu Sítio, em Todos os Santos. Com fé, esperança e amor.

Por Kennard Kruel Fagundes

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