Arquivo/Agência Brasil
Os tempos mudaram e a diversidade no mercado de trabalho também. Bruno Ikenna é um exemplo disso. Negro, de família humilde, ele foi aprovado em processo seletivo de jovens talentos e trabalha atualmente em uma multinacional na área de comunicação. “Quando você vai no mercado de trabalho, em uma entrevista em uma grande empresa, a cobrança é muito maior. A nossa cobrança maior é interna. A gente é cobrado para ser perfeito porque a se a gente erra, a gente não erra só pela gente. A gente erra por todas as pessoas que vieram antes da gente e pelas que vão vir no futuro. Essa nova geração, a minha geração, dos meus irmãos, estão transformando, fazendo mais qualificação, trazendo ideias geniais, brilhantes. É uma força, uma visão completamente diferente”, relata Bruno. Ele faz parte de um estudo que aponta o crescimento de contratações de jovens negros no mercado de trabalho. As contratações de estagiários pretos e pardos triplicaram em 2021. Nos três meses de 2020, por exemplo, 250 estagiários negros foram contratados. No mesmo período deste ano, foram 743 contratações, um aumento de 197%.
O CEO e fundador da empresa de recrutamento “Cia de Estágios”, Tiago Mavichian, explica que mesmo com a pandemia tendo desacelerado o número de contratações, o resultado foi mais do que satisfatório. “Existem várias pesquisas que mostram que se você trouxer públicos diversos para o seu negócio, você consegue ter diferentes ideias, mais lucratividade. então as empresas tomaram essa decisão, isso veio do alto e os RHs têm a missão e o desafio de colocar isso em prática”, relata. O mapeamento mostra ainda que 55% dos estagiários são mulheres negras e pardas. A maior parte (85%) mora na região Sudeste e a média de idade é de 23 anos, mesma dos estagiários brancos. Depois do Sudeste, as regiões que mais contrataram negros e pardos são: Nordeste, Norte, Sul e Centro-Oeste.
Uma explicação para esse cenário é a criação de novos programas de estágios. O processo seletivo também mudou. Agora, as empresas olham primeiro a história de vida de cada candidato para depois se aprofundar na parte técnica. Por isso, Tiago Mavichian revela a mudança radical do comportamento corporativo. “Outra boa notícia é que as exigências que impediram determinados públicos que chegar nas etapas finais foram revistas. Então processos de seleção que exigiam uma faculdade renomada, o inglês avançado ou conhecimento em Excel passaram a não exigir. Pelo contrário, passaram a não exigir e pagar cursos depois que o jovem entra”, disse. A pesquisa contou com a participação de 245 profissionais negros no Brasil.
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