9 de fev. de 2021

Mirocles Véras diz que aguarda resposta do MS sobre doação de testes de Covid

Mirocles Veras
O presidente da Confederação das Santas Casas do Brasil (CMB), Mirocles Véras, concedeu entrevista para a edição desta segunda-feira (08) do Jornal Nacional sobre uma reportagem acerca da doação de testes para detecção do coronavírus. Mirocles explicou que dos 1.259 hospitais filantrópicos do país, só 26 aceitaram receber os testes porque os mesmos são muito complexos e incompatíveis com os laboratórios locais. A Confederação das Santas Casas diz que respondeu ao Ministério da Saúde no dia 1º de fevereiro, aceitando receber 53.985 testes.

O presidente disse que a notícia sobre a doação dos insumos foi recebida com alívio pelos hospitais filantrópicos, mas quando eles descobriram que tipo dos testes eram, perceberam que poucos hospitais podem usá-los, porque eles são muito complexos.

“Não foi um número maior porque esses exames têm que ser compatíveis ao laboratório das entidades; boa parte das nossas entidades estão situadas em cidades que são de médio e pequeno porte que não tinham o laboratório e não eram compatíveis, então não adiantava nós termos esses exames”, justificou Mirocles Véras.

Entrevista de Mirocles Veras no Jornal Nacional

Do dia primeiro até o presente momento, o ministério ainda não deu nenhuma resposta aos hospitais filantrópicos, nem informou se, junto com os testes, enviará os insumos que faltam, como material para a coleta e reagentes.

O sanitarista Gonzalo Vecina, que já dirigiu a Anvisa, diz que os testes estocados nunca foram usados porque houve um erro de planejamento.

“Eles foram comprados de forma equivocada, errada, eu não diria que foi criminosa a compra, mas, naquele momento, havia uma ignorância que é o tempo. Ao longo do tempo, foi se aprendendo como é que funcionam esses testes e o tipo de equipamento mais adequado para realizá-los”, diz o médico sanitarista.

A nova informação é de que o Ministério da Saúde está negociando a doação dos testes de Covid para o Haiti. Em 2020, a Anvisa prorrogou a validade desses exames - que estão em um armazém. O Ministério da Saúde informou que foi o governo haitiano que fez uma solicitação oficial e que, antes de enviar o novo carregamento, o Haiti precisa confirmar se tem uma estrutura laboratorial e equipamentos, kits de extração e de coleta e se poderá usar tudo até maio.

No Brasil, foram distribuídos, até agora, pouco mais de 14 milhões desses testes para a rede pública de saúde. A infectologista Raquel Stucchi afirma que o controle da pandemia depende de uma ampla quantidade de testes aplicados na população e que o Brasil testou pouco.

“Todos os testes que estão no Ministério da Saúde deveriam ser distribuídos para todas as unidades, para serem realizados aqui. Não estamos em uma situação confortável, de que temos material sobrando porque a nossa demanda já foi atendida e podemos ajudar o outro”, afirma Raquel Stucchi.

O Ministério da Saúde declarou que está avaliando o pedido das Santas Casas.


Com informações do Jornal Nacional

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