Por uma trapaça do destino, um homem que tem mais de meio século de boas relações com a comunidade em que vive, teve um velório solitário, apenas para a família. Assim, chegou ao fim de um modo muito melancólico, a vida de João Claudino Fernandes, um empreendedor que ousou, que virou um ícone de sucesso. Em razão de uma conjuntura de saúde pública que obriga o distanciamento social, esse homem, que era tratado pelos piauienses com a intimidade de um amigo próximo, chamado de ‘Seu João’, foi sepultado sem as homenagens merecidas, tipo um funeral de estado e o adeus de milhares de admiradores. João Claudino partiu com discrição – o que não era do feitio dele como empreendedor, que soube como poucos usar ferramentas de propaganda, promoção, publicidade e marketing. Tanto que o slogan de seu negócio original, o Armazém Paraíba, era ‘sucesso em qualquer lugar’. Um sucesso que se replicou em empresas industriais no ramo da moda, mobiliário, bicicletas, furgões e construção civil. Êxito também como empregador de milhares de pessoas e a incomum característica de gerar milionários, sim, porque dezenas de pessoas que trabalharam com João Claudino em nível de gerência e direção se tornaram empreendedores independentes e ricos. Mas para além dos negócios, da ousadia de fazer coisas novas e inovadoras, Seu João era dedicado a promover arte e cultura – uma característica rara entre empresários locais. Por sua decisão e apoio pessoal, Teresina sediava um Festival de Violeiros, o que ajuda a manter viva arte do repente. O apoio a repentistas se somava à sua afeição pela promoção de grandes eventos de música e pelo apoio a artistas anônimos, e até famosos, sem carimbo da empresa, apenas o desejo de ajudar uma arte e uma cultura que batiam à sua porta. Assim, parece adequado perceber que João Claudino Fernandes foi muito mais que o grande, inovador, ousado e pioneiro empresário. Ele foi uma grande pessoa humana. Que seguramente fará falta.
(Comentário da coluna publicado em 25/04/2020)
Fonte: Portal AZ
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