1 - Desde pelo menos 2008, a legislação vem fechando o cerco contra propagandas
de bebidas alcoólicas na tevê e no rádio e, de lá pra cá, será que alguém ainda
não notou a escandalosa “coincidência” do aumento das menções ao consumo de
cerveja e destilados dentro sobretudo do gênero musical “sertanejo
universitário”? – Ah, mas o álcool sempre teve relação com o sertanejo,
poderiam argumentar observadores superficiais, sem atentarem para o fato de que
nunca antes a bebedeira foi tão celebrada e midiaticamente difundida em um
contexto jovem e urbano de festa e sexo sem compromisso.
2 - Nos primeiros anos do milênio, o uso da Lei Rouanet –
interessante ferramenta de incentivo cultural aprovada em 1991 – passou a
destinar mais recursos não para artistas iniciantes mas para “estrelas” já
“consagradas” do show business, dotadas de plena capacidade de caminharem com
as próprias pernas – ou com as próprias Ferraris. O rock sumiu do mainstream, a
música de protesto definhou, quase ninguém mais ousava criticar abertamente o
governo. Mais uma dessas coincidências da vida...
(...)
(...)
Não quero aqui criticar os artistas. Boas ou más, as
escolhas estão aí para serem feitas e cada qual que assuma as responsabilidades
pelas suas em meio ao desafio de trabalhar com Cultura em um país que ainda
acredita que ganhar dinheiro vem antes de cultivar a inteligência. Meus pontos centrais
são: como ficam os artistas que não nasceram em berço de ouro e não querem
crescer na carreira através da celebração de vícios em troca de patrocínio e
nem depender de financiamento estatal? Como ficam os artistas que querem
trabalhar com liberdade e desejam promover o autoconhecimento, a
espiritualidade e o protesto em suas canções?
Hoje existe uma alternativa. Trata-se do Crowdfunding (ou
Financiamento Coletivo) que permite que qualquer pessoa apóie com qualquer
valor o artista que ela acredita, uma troca justa onde ambos saem ganhando: o
público, por receber uma arte sem amarras, o artista, que deixa de vender sua
consciência para o sistema, e a sociedade, enriquecida pela livre expressão de
uma vocação.
A produção do álbum Meu Caminho, que reunirá canções
românticas, reflexivas e provocadoras, por exemplo, é minha primeira
experiência nessa modalidade. Através desse tipo de campanha, qualquer pessoa
pode contribuir com qualquer valor e receber uma recompensa condizente com a
colaboração, dentro de uma plataforma segura e bem estruturada. Um alento para
quem acredita na liberdade artística. (Quem
quiser conhecer, o link está no final desta publicação.)
A arte tem o poder de ampliar a consciência das pessoas e
nenhuma grande transformação social pode ocorrer sem prévia preparação dos
movimentos artísticos. Talvez seja por mais uma dessas coincidências e não pela
deliberada intenção de restringir a consciência do público que os poderes
constituídos e as mega fortunas estejam “comprando” e amarrando ideologicamente
os artistas. O cabresto espiritual perfeito. E o povo, aceita inconsciente, ao
pagar impostos sem questionar e ao consumir sem critérios. A “matrix” nunca
esteve tão forte e organizada para oprimir consciências. Com a margem de
liberdade que ainda é possível dentro da internet, será que não é a hora do
próprio povo começar a escolher os trabalhos artísticos que quer apoiar?
João Cássio é cantor e compositor
Link da campanha: https://bit.ly/3507mcT
Youtube: WWW.youtube.com/JoaoCassio
João Cássio é cantor e compositor
Link da campanha: https://bit.ly/3507mcT
Youtube: WWW.youtube.com/JoaoCassio
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