Em entrevista ao O Dia News, da O Dia TV, o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Piauí (Fecomércio-PI), Valdeci Cavalcante, minimizou os impactos causados pelo óleo nas praias do litoral piauiense no último final de semana. Ele afirmou que a situação está prejudicando empresários e seria um “exagero” das autoridades competentes.
Presidente da Fecomércio-PI, Valdeci Cavalcante, em entrevista ao O Dia News, da O Dia TV. (Foto: Assis Fernandes/O Dia)
Segundo ele, a situação era comum nas décadas de 50 e 60, no período de agosto a outubro, e que, inclusive, os pescadores da época “achavam bom” encontrar “piche” no mar, pois o material era usado para impermeabilizar as canoas.
“Me criei ali na beira do mar e nunca deixei de ver aquelas manchas de piche. Algumas vezes nesse período a gente ia para a praia e chegava em casa com os pés sujos de piche, a nossa mãezinha dava algodão com querosene para limpar os pés”, disse.
A afirmação do presidente da Fecomércio é refutada pela Semar (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), que faz um alerta para que os banhistas respeitem as placas de proibição de banho nas praias Peito de Moça, Atalaia e Pedra do Sal. Segundo o órgão, há registros de pessoas que entraram no mar e desenvolveram reações adversas após contato com a água contaminada pelo óleo.
Somente no último final de semana, a Capitania dos Portos, em conjunto com o Exército, ICMBio e Semar retiraram mais de três toneladas de óleo das praias do litoral piauiense. Apesar da quantidade de óleo retirado, o presidente da Fecomércio avalia que a interdição das praias é “exagero”.
Presidente da Fecomércio-PI, Valdeci Cavalcante, em entrevista ao O Dia News, da O Dia TV. (Foto: Assis Fernandes/O Dia)
“Não tem nenhuma mancha de óleo substancial, está havendo um exagero, sempre aconteceu aquilo ali. Não se justifica a interdição das nossas praias, aquilo é um prejuízo substancial para a classe empresarial e para região do litoral como um todo”, destaca.
Valdeci Cavalcante acusou ainda o Governo do Estado de estar “atrás de recurso”, ao comentar a fala da governadora em exercício, Regina Sousa, de que está aguardando um relatório da Capitania dos Portos do Piauí para poder decidir se decretará ou não o estado de emergência no litoral. Além disso, ele afirma que o dinheiro será usado para pagar seguro-defeso extra e beneficiar pessoas que “nem são pescadores”.
Se assinado, o decreto de emergência permitirá que o Piauí busque ajuda do Governo Federal em ações mais efetivas de contenção do óleo nas praias, bem como o recebimento de seguro-defeso extra aos pescadores artesanais, benefício pago aos trabalhadores durante o período em que a pesca para fins comerciais é proibida devido à reprodução dos peixes.
O benefício poderá diminuir os prejuízos acumulados pelos pescadores da região, como os marisqueiros da cidade de Ilha Grande do Piauí, que perderam contrato com o maior comprador de mariscos da cidade devido ao risco de contaminação do produto pelo óleo.
Até o momento, sete praias já foram afetadas pelas manchas de óleo em toda a faixa litorânea do Piauí. São elas: praia de Atalaia, Coqueiro, Pedra do Sal, Arrombado, Peito de Moça, Cajueiro da Praia e Pontal.
Além destas, sete áreas do Delta Parnaíba, consideradas Área de Preservação Ambiental (APA), também foram atingidas, como a Ilha do Caju, Barra das Melancieiras, Ilha dos Poldros, Ilha das Canárias, Praia do Pontal, Praia de Caiçara e na praia de Tutóia.
Por: Nathalia Amaral
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