12 de ago. de 2019

Bolsonaro quer chuva de honestidade no Nordeste

Às vésperas de uma nova viagem oficial à região – a terceira, em menos de um mês, para participar do aniversário de Parnaíba e de inaugurações na cidade.– o presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que o Nordeste “sempre precisou” de uma “chuva de honestidade”. 
Ele fazia referência à canção com esse título, de autoria do compositor e cantor pernambucano Flávio Leandro, que faz uma crítica contundente à exploração política da seca.
Bolsonaro conversava descontraidamente com admiradores e com cinegrafistas que o aguardavam à saída do Palácio da Alvorada.
Em um gesto inusitado, o que está se tornando uma característica pessoal dele, Bolsonaro pegou o microfone da TV Globo e fez um pedido à emissora e às demais TV’s:
“Eu queria que a Globo botasse no ar um vídeo com uma canção lá do Nordeste que se chama ‘Chuva de honestidade’. A Globo e as demais emissoras de televisão, porque eu acho que é uma canção mais velha que eu, (de) 1954, e que o Nordeste sempre precisou foi disso, chuva de honestidade. E o Brasil agradece”, afirmou.
Canção-denúncia
O presidente acertou na escolha da canção, mas se equivocou quanto ao ano de sua composição. Seu autor tem apenas 50 anos e só entrou no mundo artístico depois de 1995.
A música-denúncia que trata do mesmo tema e que é dos anos 50 é o baião de Luiz Gonzaga e Zé Dantas intitulado “Vozes da seca”.
Flávio Leandro sofreu influência musical de Luiz Gonzaga e várias composições suas já viraram sucesso nas vozes de Flávio José, Elba Ramalho e outros artistas nacionais.
Além de compositor e cantor, Flávio Leandro é auditor fiscal da Receita Estadual de Pernambuco.
Seria demais exigir que Bolsonaro, que certamente não sabe mais que a letra da “Canção do Exército” e talvez algumas músicas de sofrência, tivesse essas informações.
Mas valeu a dica!
Música vetada na campanha
Conforme o site  OP9 – que integra o Sistema Opinião: TV Clube/Record (Pernambuco), TV Ponta Negra/SBT (Rio Grande do Norte), TV Borborema/SBT (Campina Grande), TV Manaíra/Band e Rádio Band News FM (João Pessoa) e TV Ponta Verde/SBT (Alagoas) – em 2018, em resposta a uma postagem da música em um perfil de apoio ao então candidato a presidente pelo PSL, o cantor proibiu o uso da canção por todas campanhas políticas do segundo turno.
Eis a letra da música recomenda ontem pelo presidente e, abaixo, o link para o vídeo da canção postado em seu canal no Youtube pelo artista:
“Quando o ronco feroz do carro pipa, cobre a força do aboio do vaqueiro
Quando o gado berrando no terreiro, se despede da vida do peão
Quando verde eu procuro pelo chão, não encontro mais nem mandacaru
Dá tristeza ter que viver no sul, pra morrer de saudades do sertão
Eu sei que a chuva é pouca e que o chão é quente
Mas, tem mão boba enganando a gente, secando o verde da irrigação
Não! Eu não quero enchentes de caridade, só quero chuva de honestidade
Molhando as terras do meu sertão
Eu pensei que tivesse resolvida, essa forma de vida tão medonha
Mas, ainda me matam de vergonha, os currais, coronéis e suas cercas
Eu pensei nunca mais sofrer da seca, no nordeste do século vinte e um
Onde até o voo troncho de um anum, fez progressos e teve evolução
Israel é mais seco que o nordeste, no entanto se investe de fartura
Dando força total na agricultura, faz brotar folha verde no deserto
Dá pra ver que o desmando aqui é certo, sobra voto, mas, falta competência
Pra tirar das cacimbas da ciência, água doce que regue a plantação.”
(Reprodução: cifrasclub.com.br)
Música "Chuva de honestidade":
Por Zózimo Tavares/Cidadeverde.com

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