Manhã do dia 10 de junho de 2019. Alunos aproveitavam o intervalo das aulas para lanchar e conversar no pátio. De repente, gritos. Assustados, alguns corriam se saber o que se passava. Outros, dizem ter ouvido vozes e sombras, entraram em uma espécie de transe. Um a um, cerca de 20 estudantes desmaiaram ou precisaram ser contidos pelo estado de euforia fora do normal. Foram alguns relatos que ouvimos de professore e alunos que viveram momentos de terro na escola estadual Otávio Falcão, em Porto do Piauí.
“Não dava tempo de socorrer um aluno. Já vinha alguém dizer: professora, tem outro caído no banheiro. Eram cenas fortes e fiquei com pena daquelas crianças e adolescentes. Um rapaz estava com as mãos cerradas, tremendo e gritando. É como se eles tivessem medo. Algo, como se você sair dali alguma coisa de ruim vai acontecer, alguém vai pegar”, relata uma das professoras que prefere não ser identificada.
Um aluno, de apenas 12 anos, disse não esquecer os momentos de pânico. O jovem, que também não será identificado, contou que viu muitos alunos sendo carregados nos braços para as salas de aula e para a diretoria. Outros, encaminhados para o hospital. “Isso não é de Deus”, afirmando ainda que praticamente todos os dias os desmaios acontecem na escola Otávio Falcão.
Outro aluno, que também vamos preservar identificação, fez um desabafo impressionante. Para chamar a atenção do pais, a mais de dois anos começou a se automutilar e, com o passar do tempo, vendo vídeos sobre o tema na internet. A situação foi se complicando a ponto de trazer repercussão inimaginável.
“Eu passei a ouvir vozes, que diziam que para eu me matar. Depois disso, começaram a aparecer sombras no meu quarto. Muitas vezes tentava gritar e levantar da cama, mas não conseguia. Era como se estivessem me segurando. Algumas vezes, os vizinhos vinham em casa para tentar ajudar a me controlar. Eu sofro de ansiedade e, por isso eu desmaiei na escola. Agora, não sei porque as pessoas desmaiaram na segunda-feira. Algumas meninas me contaram que ouviram vozes e sombras em todo lugar na escola”, explicou.
A direção da escola relatou que está descartado problemas na água ou alimentação escolar, uma vez que apenas alguns alunos foram afetados. Mesmo orientados a não dar maiores esclarecimentos, ainda informaram que após o surto coletivo acionaram a Secretaria Estadual de Educação e psicólogos foram enviados. No primeiro encontro com pais, alunos e professores, teriam constatado que problemas emocionais e familiares estariam no centro da questão.
No entanto, os casos se arrastam a mais de um ano geralmente com três ou quatro alunos no turno da manhã apenas. O estranho é que, segundo informou a Diretora da Unidade de Gestão e Inspeção Escolar da SEDUC, Ana Rejane, apenas agora após tantos alunos serem afetados foi solicitado apoio.
Na reportagem de amanhã, vamos dar mais detalhes inéditos sobre o surto coletivo e o que dizem a ciência e a religião sobre o caso.
Fonte: Portal do Douglas Cordeiro
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