4 de jan. de 2019

Contra os sofistas (um antídoto à arte de enganar dos jornalistas e professores universitários)! (03/01/2019)

Prof. Dr. Geraldo Filho - UFPI

Quem conhece um pouco de filosofia sabe que uns dos principais adversários da dupla Sócrates e Platão, há 25 séculos, eram os sofistas, mestres na arte de enganar utilizando argumentos aparentemente verdadeiros! No presente, alguns comentários ao discurso de posse do Presidente Jair Bolsonaro, feitos por jornalistas ou professores universitários, lembram que a luta travada pelos dois grandes gregos, cujo pensamento filosófico é uma das colunas do mundo ocidental, do qual o Brasil é parte (as outras são a tradição religiosa judaico-cristã, o método cientifico e a economia liberal-capitalista), ainda não terminou, sendo necessário travá-la mais uma vez contra os demagogos da esquerda.
No discurso o Presidente enfatizou que um dos seus objetivos é libertar o país da submissão à ideologia socialista. Ontem (02/01), na Globonews, a jornalista Natuza Nery, entrevistando o General Augusto Heleno (chefe do Gabinete de Segurança Institucional - GSI), perguntou como o Presidente poderia dizer aquilo se o Brasil não é um país socialista! É aí onde mora o sofisma! Natuza só estava fazendo eco ao que na noite anterior, no programa de Mônica Waldvogel, na mesma emissora, a professora da USP, Lilia Moritz-Schwarcz, com caras e bocas de espanto (se bem que sua pessoa não precisa de muito para assustar!), alertava para o retorno do mandonismo das “elites” que há 500 anos detêm o poder no Brasil contra os “eternos” oprimidos, negros, índios, gays e minorias de todo tipo, etc, etc, ou seja, a permanente estratégia de “vitimização” dos pobres utilizada pelos: “socialistas”!
O sofisma de Natuza Nery consiste na procura de desmoralizar o Presidente com o argumento de que como “oficialmente” o Brasil nunca se declarou como república socialista, não é socialista! Logo, o Presidente estaria mentindo! Seria o caso de perguntar à jornalista se a China (que disputa com os Estados Unidos o posto de maior economia capitalista do planeta), comandada com mão de ferro pelo “oficialmente” Partido Comunista Chinês, é comunista!
Para interpretar corretamente um discurso ou um texto há uma regra fundamental que manda observar o contexto no qual ele foi pronunciado ou escrito, cujo vislumbre emerge das entrelinhas. No discurso o Presidente estava se referindo à submissão do meio intelectual e político nacional à ideologia socialista, que levou o PT a 14 anos de presidência. A conquista da hegemonia intelectual e política pelos socialistas foi perseguida desde 1922, quando o Partido Comunista do Brasil (nome original do partido) foi fundado. Para atingir o objetivo almejado os socialistas foram se reinventando ao longo do tempo. Como bons sofistas, hábeis no mimetismo, testaram a luta armada em 1935 e 1964, mas foram derrotados; apareceram depois travestidos de “tropicalistas contraculturais”, a partir de 1968; “aparelharam” daí por diante as universidades e órgãos públicos do judiciário e executivo; criaram uma teologia comunista com princípios cristãos católicos (Teologia da Libertação); viraram “ambientalistas” ou “ecologistas”, sempre contra o agronegócio (principal responsável pela riqueza do Brasil); inventaram a opressão de “minorias”, como se pessoas estivessem morrendo ou sendo prejudicadas em todas as esferas sociais por uma condição particular de sua vida (genética ou idiossincrática), o que definitivamente não é verdade; infestaram o meio cultural em geral, transformando mediante a deformação estética entretenimento de baixa qualidade em arte, haja visto gêneros musicais e coreografias dançantes degradantes para as mulheres veiculadas como “expressões artísticas”, quando na verdade não passam de lixo subcultural (para não falar da produção do cinema, das novelas e a literatura de mesmo teor)!
O problema intransponível para os sofistas demagogos de esquerda é que, apesar de terem tentado, nunca conseguiram dizimar, nas sociedades por onde implantaram seu projeto de mundo, os herdeiros da civilização ocidental, que se sustenta nas colunas institucionais citadas acima. Para o azar deles, estes herdeiros sempre os suplantaram em todos os campos, econômico, militar e intelectual. Sobretudo neste último, a liberdade para ler e pesquisar tudo e o impulso pelo sucesso meritocrático faz com que conheçam e estudem a produção, mesmo que de baixa qualidade, dos seus oponentes (interessante e digno de reflexão é saber por que um militante de esquerda não conhece ou estuda nenhuma obra liberal ou conservadora; provavelmente é a mesma razão pela qual os aiatolás muçulmanos não deixam os jovens fieis terem contato com a cultural ocidental: o medo da sedução e do encantamento com a verdade!).
Assim, para desmascarar os sofistas demagogos de esquerda, aqui representados pela jornalista e a professora, não gastarei minhas palavras como contra-argumento, mas sim as palavras reveladoras de dois expoentes do socialismo nacional, reconhecendo às escancaras (como se dizia no passado), a hegemonia dessa ideologia na mentalidade brasileira, o que explica o fracasso do país desde 2003. Portanto, tal como os dois gregos contra os sofistas da Grécia Clássica, usarei o veneno dos sofistas atuais como antídoto contra eles.
Comentando sobre o período militar brasileiro, em 2012 (no decorrer do período Lula/Dilma), o professor da USP, Wladimir Safatle, disse:
“Durante décadas, a esquerda conseguiu sustentar uma certa hegemonia no campo cultural nacional. Mesmo na época da ditadura, tal hegemonia não se quebrou. Vivíamos uma ditadura na qual era possível comprar Marx nas bancas e músicas de protesto ocupavam o topo das paradas de sucesso. (“A perda de hegemonia”. Carta Capital, 01/09/2012)
Bem antes de Safatle, observem amigos, em 1970 (em pleno período militar, ou como eles preferem, na “ditadura”), Roberto Schwarz, outro professor da USP e também da UNICAMP, antecipou o mesmo diagnóstico:
“(...) para surpresa de todos, a presença cultural da esquerda não foi liquidada naquela data [período militar], e mais, de lá para cá não parou de crescer. A sua produção é de qualidade notável nalguns campos, e é dominante. Apesar da ditadura da direita, há relativa hegemonia cultural da esquerda no país. Pode ser vista nas livrarias de São Paulo e Rio, cheias de marxismo, nas estreias teatrais, incrivelmente festivas e febris (...) Em suma, nos santuários da cultura burguesa a esquerda dá o tom. Esta anomalia (...) é o traço mais visível do panorama cultural brasileiro entre 64 e 69.” (“Cultura e política, 1964-1969”. In: O pai de família e outros estudos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978) 
Vejam amigos leitores que a diferença entre os dois textos, com a mesma avaliação, é de 42 anos, quase meio século, o que indica a correção e a persistência do diagnóstico para uma situação que o próprio Roberto Schwarz considerou como “anomalia”, afinal, não se vivia numa ditadura capitalista de direita?! Como poderia acontecer aquilo?! Meio século de hegemonia cultural da esquerda, cuja ruptura simbólica ocorreu com a eleição de Jair Bolsonaro em outubro de 2018, 48 anos após a constatação reveladora de Roberto Schwarz. Portanto, para responder a jornalista e a professora e desmascarar seu sofisma é bastante sugerir que consultem seus próprios mentores e gurus, em regra encastelados no santuário esquerdista da USP e da UNICAMP.
Está claro, enfim, contra o que lutamos, quando o Presidente reitera que um dos seus objetivos é libertar o Brasil da subordinação mental a essa ideologia nefasta, contrária as tradições da civilização ocidental, que levou povos ao crime e a barbárie onde teve a chance de se realizar como experiência de sociedade. Os exemplos de Cuba e Venezuela são os mais próximos e eloquentes de nós brasileiros, pois era para onde o PT desejava nos conduzir! 

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