29 de out. de 2018

E os velhos casarões do Centro Histórico de Parnaíba? O que fazer?

Para o historiador Diderot Mavignier a cidade de Parnaíba ainda não assimilou a importância do Tombamento do seu patrimônio histórico, cujo processo aconteceu em setembro de 2008 – há 10 anos, portanto. Segundo ele, há duas datas registrando isso: “em 2008, e a partir daí começou a construção do inventário de todos os imóveis pertencentes a esse sítio tombado pelo Iphan e esse processo terminou no processo de tombamento. Mas ele pode ser indeferido, significa que não aconteceu o tombamento por uma análise do Iphan. São duas datas bem significativa para nós parnaibanos – 2008, início do processo e 2011, quando esse processo se consolida com tombamento do nosso centro histórico como área de interesse paisagístico da sociedade brasileira, uma vez que tombamento é uma ação federal”, disse Diderot.
Segundo ele, o IPHAN fez a parte que ele deveria ter feito ao restaurar a Casa Grande de Simplício Dias. “O bem imóvel pertence à prefeitura de Parnaíba que deveria estar cuidando e gerenciando para que a Lei de desapropriação, gestão do Zé Hamilton, estivesse sendo respeitada. Temos lá hoje a superintendência de cultura e um escritório de Iphan, que não funciona e dependemos totalmente de Teresina, já que lá que é superintendência. Como é um processo que tem um complexo jurídico fica difícil os proprietários desses imóveis dessa área entenderem como tudo funciona, uma vez que não houve educação. Às vezes um revestimento de um imóvel caracteriza uma época em Parnaíba, ele é substituído pelo dono, por não entender e por não ter uma educação para perceber que aquele revestimento faz parte da história de Parnaíba”, comenta o historiador.
Prédios da Rua 7 de Janeiro- adquiridos pela Prefeitura na gestão Paulo Eudes
Diderot lembra que hoje há uma grande discussão relativa à conservação dessa coisa antiga.” Porque está tudo depredado, inclusive a marginalidade está roubando as portas e destruindo os telhados, está tudo se acabando. O Iphan consta apenas para fiscalizar e o município, por meio da cultura, para cuidar. Isso é um processo, como eu disse, complexo em termos jurídicos, mas o que deveria acontecer era que todo parnaibano estivesse voltado para importância desse tombamento e um tombamento que sinaliza uma importância do sítio histórico para Brasil e até agora Parnaíba não percebeu a importância principalmente porque trabalhamos com indústria do ecoturismo ou tentamos trabalhar.”.
“Hoje as pessoas não viajam por um atrativo natural, mas quase sempre por um atrativo cultural. Nesse quesito deveríamos dar importância ao nosso patrimônio tanto material que inclui imóveis, como também nossa cultura. Haja vista dizer que nesses 30 anos nos ganhamos a secretaria de cultura mas perdemos reisado, as pastorinhas, a marujada, que mostra um descanso com cultura material”- destaca, acrescentando: “o boi (bumba-meu-boi), que era caraterístico e único na Parnaíba , está eternamente sofrendo interferência de fora e ao perder essas pessoas que faziam parte esse boi tradicional nós perdemos esse patrimônio material que vem da dança, da luta e música que vem de um contexto de história”.
Diderot disse que na gestão Paulo Eudes houve avanços, com relação à preservação do patrimônio, mas não houve uma educação para isso. Ninguém conheceu o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do IPHAN. Poucas pessoas sabem que imóveis da Rua 7 de janeiro (Bairro São José) são tombados. Nós perdemos aqui a única fábrica a vapor de processamento do mundo da Cera de Carnaúba. Era um museu pronto que foi desprezado e hoje só temos o chão dessa fábrica era um pronto que Parnaíba perdeu. Se nós não olhamos e não tiver atitudes para reverter isso, vamos perder todo nosso sítio histórico, salvo algumas ações como Sesc e Valdeci Cavalcante  que já restaurou vários imóveis que são importante e que são referência na cidade. Um deles é Caixeiral.
O QUE ESTÁ SENDO FEITO
Com a posse do cartunista Albert Piauhy na Superintendência Municipal de Cultura ele tem se preocupado e levado a situação ao prefeito Mão Santa. “Todos devem ser responsabilizado por isso, porque ninguém se preocupa com este patrimônio que está se acabando; com os drogados vendendo portas e janelas, derrubando tudo…”, comenta o superintendente.Visita de Albert e Paulo Eudes aos prédios da região da Esplanada da Estação
Albert Piauhy esteve recentemente com o ex-prefeito Paulo Eudes, atual secretário Municipal do Setor Primário e Meio Ambiente, a fim de saber o que realmente ele havia adquirido para o município, na época em que foi prefeito. E catalogou pelo menos 16 imóveis que estão deteriorados e precisam passar por restauração. Segundo foi informado por Paulo Eudes, quando os prédios foram adquiridos, foi enviada uma lei para a Câmara Municipal, aprovada pelos vereadores, dando destinação a cada um dos prédios que deveriam abrigar órgãos municipais, a exemplo do prédio que foi cedido para o Instituto Histórico e a antiga Biblioteca Municipal, hoje Centro Pop, na Rua Duque de Caxias. Os ex-prefeitos José Hamilton e Florentino Neto nunca deram a atenção devida ao assunto e os prédios foram se deteriorando e outros sendo destruídos pelos vândalos.Atualmente Albert Piauhy busca junto à Superintendência do Iphan em Teresina resgatar cerca de 38 milhões de reais junto ao governo federal, do PAC das Cidades Históricas, a fim de recuperar alguns desses prédios cujos projetos de recuperação foram aprovados e, pelo que foi informado, o prefeito passado não se interessou em dar os encaminhamentos legais para que todos os recursos fossem liberados. Desde o tombamento do Centro histórico de Parnaíba foram recuperados com recursos do Iphan até agora, apenas a Casa de Simplício Dias e a estação Ferroviária do Bairro Floriópolis.
Texto:Bernardo Silva; Fotos: Camila Neto

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