A realização da Press Trip Europa – Piauí 2018 que trouxe ao Brasil 11 jornalistas da Alemanha, Áustria e Suíça especialmente para conhecer as belezas naturais do Piauí, começa a
mostrar seus resultados com diversas reportagens publicadas nos jornais da Europa. Hoje vamos destacar o jornal alemão Stuttgarter Zeitung, que veiculou uma série de três matérias assinadas pelo jornalista Rainer Kurlemann com fotos de André Pessoa, focadas nos seguintes temas: Pré-história americana (Serra da Capivara), Caatinga (Serra das Confusões), e litoral (Delta do Parnaíba).
Para começar a série do jornal Stuttgarter Zeitung conheça a primeira reportagem que traz a Serra da Capivara como destaque. A Press Trip Europa – Piauí 2018 foi coordenada pelo historiador Uwe Weibrecht através da Associação ProBrasil, do Instituto Ecológico Caatinga (IEC) de São Raimundo Nonato e da Federação dos Jornalistas Científicos da Alemanha (WPK). O projeto totalmente realizado sem fins lucrativos teve o apoio do Governo do Piauí através da Coordenadoria de Comunicação Social – CCOM (Agência Raízes do Piauí).
Veja a versão em português com tradução livre:
Veículo: Stuttgarter Zeitung
Data: 23-04-2018
Original: www.stuttgarter-nachrichten.
Tradução: Alemão para português.
As mágicas pinturas rupestres dos primeiros americanos
Por Rainer Kurlemann
Fotos André Pessoa
O Brasil é um tesouro para os pesquisadores: em uma série de três matérias, relatamos uma expedição às florestas brancas e aos rios ameaçados do Brasil. Para começar: uma jornada pelos assentamentos humanos mais antigos da América.
Serra da Capivara
Há alguns traços em um vermelho quente e vibrante que contam as histórias dos primeiros homens na América. Os desenhos nas rochas da Serra da Capivara mostram plantas, animais e humanos. Seus corpos consistem em linhas e círculos, algumas áreas são recheadas de tinta. Milhares de pinturas rupestres adornam as tocas rochosas do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Brasil. Elas enviam a imaginação do espectador para uma jornada: algumas pessoas nas pinturas parecem dançar em volta de uma árvore. Outras se reúnem em torno de um animal. A ue podem usar uma espécie de chifre ou se assemelhar a uma onça. Pesquisadores dizem que os desenhos foram feitos há 12 mil anos.
“Quem passa pelas guaritas desse parque se apaixona pelas pinturas e pela natureza”, diz Irma Asón Vidal. Aos quatorze anos de idade, em 1988, ela conheceu um dos sítios arqueológicos do parque pela primeira vez e viu as pinturas rupestres. Desde então, a arqueóloga já acumula mais de vinte anos de trabalhos para Fundação Museu do Homem Americano, instituição que pesquisa os segredos deste gigantesco museu ao ar livre. Os cientistas descobriram mais de 950 sítios com pinturas rupestres no parque. Também encontraram assentamentos e enterramentos humanos.
A Serra da Capivara é um dos mais antigos lugares ocupados por humanos na América do Norte e do Sul. “As imagens dessas pinturas retratam a memória das pessoas que moravam aqui”, diz a espanhola.
Homens pintados com folhas ou galhosAlgumas figuras são amarelas, brancas ou pretas, mas a cor predominante é o vermelho da hematita. O mineral de ferro está em toda parte. Forma as rochas íngremes que se erguem da vegetação até o fundo dos vales. “Os seres humanos esmagavam a rocha e a misturaram com saliva, urina ou óleos vegetais conseguindo uma pasta com diferentes cores”, explica a pesquisadora. Eles pintaram com folhas ou galhos. Havia abundância de plantas e água na densa floresta da Serra da
Capivara quando o povo construiu suas primeiras lareiras lá. Hoje, a área é uma mistura única de floresta tropical e mata seca. A caminhada até as galerias de pinturas com até 100 metros de comprimento também é uma prova de biologia. Nos lugares ensolarados, cactos poderosos saem dos arbustos, nas regiões mais isoladas crescem plantas tropicais.
Mas apenas os achados arqueológicos fizeram da Serra da Capivara um Patrimônio da Humanidade. Os pesquisadores tentam entender, com base nos motivos gráficos, como a percepção e a expressividade dos habitantes se desenvolveram. Porque antes do homem pintar, ele aprendeu muitas outras coisas. Com as pinturas sua mente se desenvolveu ainda mais. “Os desenhos representam um sistema de comunicação, mesmo que ainda não entendamos seu código”, diz Irma Asón.
Turismo deve financiar o parque
“Quando vi as pinturas pela primeira vez, percebi imediatamente que a tecnologia e as perspectivas eram muito diferentes de qualquer coisa conhecida sobre arte rupestre no continente americano naquela época”, diz Niéde Guidon. A arqueóloga brasileira sugeriu a criação do parque em 1979 e desde então ganhou atenção internacional. A jovem de 85 anos ainda hoje segue no volante de seu veículo off-road quando visita os cientistas que trabalham no parque.
O trabalho da fundação só é garantido graças à cooperação internacional. “Atualmente o que nos falta é dinheiro para pagar os funcionários da instituição”, diz Niéde Guidon. Desde a sua criação, o parque tem sido cronicamente subfinanciado. Há falta de pessoal para proteger as pinturas e o próprio funcionamento do parque. A arqueóloga escolhe palavras sinceras que não são esperadas da boca de uma mulher educada quando ela fala sobre suas experiências com as autoridades brasileiras. Em 2014, finalmente, foi inaugurado um aeroporto nas proximidades do parque e novos hotéis devem ser criados. O objetivo é que o turismo possa financiar o parque.
“Quem passa pelas guaritas desse parque se apaixona pelas pinturas e pela natureza”, diz Irma Asón Vidal. Aos quatorze anos de idade, em 1988, ela conheceu um dos sítios arqueológicos do parque pela primeira vez e viu as pinturas rupestres. Desde então, a arqueóloga já acumula mais de vinte anos de trabalhos para Fundação Museu do Homem Americano, instituição que pesquisa os segredos deste gigantesco museu ao ar livre. Os cientistas descobriram mais de 950 sítios com pinturas rupestres no parque. Também encontraram assentamentos e enterramentos humanos.
A Serra da Capivara é um dos mais antigos lugares ocupados por humanos na América do Norte e do Sul. “As imagens dessas pinturas retratam a memória das pessoas que moravam aqui”, diz a espanhola.
Homens pintados com folhas ou galhosAlgumas figuras são amarelas, brancas ou pretas, mas a cor predominante é o vermelho da hematita. O mineral de ferro está em toda parte. Forma as rochas íngremes que se erguem da vegetação até o fundo dos vales. “Os seres humanos esmagavam a rocha e a misturaram com saliva, urina ou óleos vegetais conseguindo uma pasta com diferentes cores”, explica a pesquisadora. Eles pintaram com folhas ou galhos. Havia abundância de plantas e água na densa floresta da Serra da
Capivara quando o povo construiu suas primeiras lareiras lá. Hoje, a área é uma mistura única de floresta tropical e mata seca. A caminhada até as galerias de pinturas com até 100 metros de comprimento também é uma prova de biologia. Nos lugares ensolarados, cactos poderosos saem dos arbustos, nas regiões mais isoladas crescem plantas tropicais.
Mas apenas os achados arqueológicos fizeram da Serra da Capivara um Patrimônio da Humanidade. Os pesquisadores tentam entender, com base nos motivos gráficos, como a percepção e a expressividade dos habitantes se desenvolveram. Porque antes do homem pintar, ele aprendeu muitas outras coisas. Com as pinturas sua mente se desenvolveu ainda mais. “Os desenhos representam um sistema de comunicação, mesmo que ainda não entendamos seu código”, diz Irma Asón.
Turismo deve financiar o parque
“Quando vi as pinturas pela primeira vez, percebi imediatamente que a tecnologia e as perspectivas eram muito diferentes de qualquer coisa conhecida sobre arte rupestre no continente americano naquela época”, diz Niéde Guidon. A arqueóloga brasileira sugeriu a criação do parque em 1979 e desde então ganhou atenção internacional. A jovem de 85 anos ainda hoje segue no volante de seu veículo off-road quando visita os cientistas que trabalham no parque.
O trabalho da fundação só é garantido graças à cooperação internacional. “Atualmente o que nos falta é dinheiro para pagar os funcionários da instituição”, diz Niéde Guidon. Desde a sua criação, o parque tem sido cronicamente subfinanciado. Há falta de pessoal para proteger as pinturas e o próprio funcionamento do parque. A arqueóloga escolhe palavras sinceras que não são esperadas da boca de uma mulher educada quando ela fala sobre suas experiências com as autoridades brasileiras. Em 2014, finalmente, foi inaugurado um aeroporto nas proximidades do parque e novos hotéis devem ser criados. O objetivo é que o turismo possa financiar o parque.
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