Sabe-se que a escravidão negra no Piauí iniciou-se no século XVIII, através da mão de obra africana de homens e mulheres naturais, principalmente, do Congo e Angola. Os mesmos prestaram serviços aos fazendeiros, estabelecidos no Norte e Sul da Capitania, e eram adquiridos nas praças do Maranhão, Bahia e Pernambuco.
Essa servidão, na região da Parnaíba, iniciou-se a partir de 1711, com a exploração das atividades agrícola, pastoril e salga de Carne e courama bovina nas fazendas, para exportação para outras paragens.
A maior chegança daquele povo efetuou-se a partir de 1753, com a regularização de terras já ocupadas e a demarcação de novas posses. Daí, os fazendeiros dos vales dos rios Ubatuba, Camurupim, Jacaraí, Piracuruca, Pirangí, Longá, e do delta do Parnaíba, incluindo-se um dos seus braços, o Igaraçu, prosperaram, e após a criação da Villa em 1761, e a instalação da mesma em 1762, com o nome de Villa de São João da Parnahiba, comprometeram-se a construir casas de moradias na sede da vila, prevista no lugar Testa Branca.
Entretanto, sob a influência de Diogo Alves Ferreira e do Alferes José Lopes da Cruz, o arruamento aconteceu no lugar Sítio dos Barcos, onde o primeiro possuía um dos quatro armazéns para exportação da carne salgada e courama bovina. Assim, se deu o contínuo povoamento da Parnaíba, no lugar onde existiu a outrora Villa Nova da Parnahiba, também conhecida como Villa de Nossa Senhora de Monserrathe da Parnahiba.
Após esse feito, com a instalação da feitoria no Porto das Barcas, e o estabelecimento na região de outros empreendedores rurais e comerciais, entre eles, João Paulo Diniz, Domingos Dias da Silva, Manoel Antônio da Silva Henriques, Antônio Álvares Ferreira de Veras e José Pires Ferreira, a mão de obra escrava foi absorvida fortemente até o declínio e extinção das charqueadas em 1827.
O enfraquecimento da escravatura na Parnaíba iniciou-se após as mortes de Manoel Antônio da Silva Henriques e Simplício Dias da Silva, acentuando-se por ocasião da revolta da Balaiada, quando a maioria dos negros, fugindo de seus proprietários, passaram a integrar o movimento rebelde que existiu na região norte do Maranhão, Piauí e Ceará, sendo derrotado e liquidado nas terras piauienses em 1839, em solo parnaibano, na batalha das Contendas, atualmente município de Cocal.
Por Vicente de Paula Araújo Silva “Potência”
Edição: Jornal da Parnaíba
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