Em uma época de violência urbana sem precedente, o Piauí vive uma situação inusitada. Enquanto 27 municípios dispõem de apena um policial militar para cuidar da segurança da população, um único órgão público, como a Assembleia Legislativa, chega a ter 150 policiais à sua disposição. Uma distribuição totalmente desproporcional, que inverte completamente a ordem de prioridade na segurança pública, já tão fragilizada por sucessivos assaltos, arrombamentos e sequestros relâmpagos.
O fato foi denunciado pela Rede de Controle ao Tribunal de Contas do Estado, por meio de uma proposição para realização de audiência pública para debater a questão. No documento protocolado ao presidente do TCE, os signatários da Rede destacam que os policiais, ao ingressarem na PM, o fazem “não para realizar serviços de guarda patrimonial em outros órgãos da Administração Pública, em flagrante desvio de finalidade e inequívoco prejuízo à população piauiense.”
Composta por vários órgãos de fiscalização e controle, a Rede inclui Polícia Federal, Ministério Público, Receita Federal, Advocacia Geral do Estado e da União, o próprio TCE e outros , que inclusive, também dispõem de policiais para guardar o seu patrimônio. No documento apresentado, foram listados 300 policiais nessa situação. É claro que eles não irão resolver todo o problema do Piauí, mas que estão fazendo falta nas ruas, ah, isso estão.
Se pegarmos, por exemplo, o caso desses 27 municípios onde há a presença de apenas um policial, seria possível alocar mais onze homens para cada município, apenas com a redistribuição dos 300 que se encontram hoje fazendo a guarda de prédios públicos. O Conselhiero Kennedy Barros, que endossa a proposta da Rede, diz que a guarda patrimonial é de responsabilidade do órgão, que pode perfeitamente contratar uma empresa terceirizada para esse serviço. “ A população é que não pode ficar desprotegida”, ressalta.
Por Cláudia Brandão
Cidade Verde
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