É um fato sem contestação: sem os progressistas, o governo de Wellington Dias não teria conseguido terminar o ano de 2015. E apesar do partido ter retirado o petista do isolamento político no qual ele estava em 2014 e ter garantido sua eleição em 2014 -- não por outro motivo o PP tem a vice-governadoria --, desde o início do 3º mandato de W.Dias tem sido constantemente constrangido. Mas o ocorrido na última semana parece ter trincado bastante a relação entre os dois partidos.
A superfície do ocorrido todos já sabem. O deputado estadual Júlio Arcoverde -- presidente estadual do PP -- viu dois colegas de partido serem "expulsos" do parlamento e viu a si mesmo empurrado para fora da Comissão de Finanças da Alepi depois que Wellington Dias foi comunicado do posicionamento partidário contra o aumento de impostos. A humilhação foi grande, mas a quebra de um acordo foi ainda mais significante.
Veja como se sentiu o deputado Júlio Arcoverde no vídeo abaixo!
Veja como se sentiu o deputado Júlio Arcoverde no vídeo abaixo!
O senador Ciro Nogueira, presidente nacional dos Progressistas, é o principal articulador de verbas federais e operações de crédito que têm mantido a gestão de Wellington Dias de pé. E, nesta condição, havia selado um acordo com o governador: depois do aumento de impostos aprovado no primeiro semestre, Wellington faria o esforço de reduzir gastos desnecessários no governo antes de qualquer outra estratégia de fazer caixa que pudesse impor obstáculos ao setor produtivo. É junto aos agentes do setor privado que se encontra grande parte da força dos progressistas.
Pelo acordo, Wellington havia prometido também que as operações de crédito não seriam utilizadas para pagar salários. A lógica disso é simples: três meses de folha fariam desaparecer os recursos sem nenhum benefício de médio e longo prazo. Ao passo que o uso dos empréstimos para a finalidade correta -- investimentos em obras de infraestrutura e desenvolvimento social, principalmente -- mantém a economia aquecida, gera empregos fora da máquina pública e garante resultados pro futuro do estado.
Porém, Wellington cedeu ao seu instinto de quebrar acordo, apesar das consequências. Para manter a palavra, W.Dias teria que cortar comissionados, reduzir espaços políticos dentro do Executivo e cortar mais gastos supérfluos. O petista avaliou que seguir por esse caminho traria mais equilíbrio às finanças, mas poderia ser péssimo do ponto de vista eleitoral. Afinal, os gastos desnecessários não beneficiam a povo, porém, mantém o apoio político daqueles que ocupam esses espaços e ordenam essas despesas.
Por isso, para os progressistas, a questão está indo além da humilhação sofrida pelos suplentes Belê Medeiros e Bessah Araújo e pelo deputado Júlio Arcoverde na Alepi. É que a manobra significou a quebra de um acordo bem maior: um compromisso com o desenvolvimento. A conversa pode até parecer bonita demais para a política a que todos nós estamos acostumados, mas ela se explica na lógica comum: os progressistas consolidaram a percepção de que Wellington Dias não quer dividir os resultados positivos de sua gestão com ninguém.
O petista não quer ser visto como alguém que depende de outros aliados, quer manter no imaginário [cada vez menos] popular pois se isso acontecer, ele deixa de ser o "salvador da Pátria". Wellington Dias não quer dividir capital político e não se importa em se desfazer de aliados se disto depender o discurso que ele acha mais adequado pra campanha.
Fonte: Politica Dinâmica
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