Imagens de como é o local onde detento dormiu com uma criança (Foto: Exclusivo OitoMeia)
Foram ouvidos pela Delegacia da cidade de Altos, área da penitenciária, além do próprio menor V. R. G. S e o detento José de Ribamar, o pai Gilmar Francisco Gomes, a mãe Sebastiana Rodrigues Gomes e os agentes penitenciários que fizeram a vistoria na Major César naquela madrugada do último dia 30 de setembro. Entre as revelações constatadas no depoimento, há muitas divergências e contradição. Especialmente na fala dos pais e do próprio detento.
Para se ter uma ideia, o pai disse que permitiu que V ficasse com Ribamar, como é chamado pela família, porque atenderia um pedido dele. A fala, no entanto, diverge do que disse o próprio V e sua mãe Sebastiana, que garantem que Gilmar praticamente obrigou a criança a ficar por lá. Entre as novas revelações, Gilmar disse que não sabia que Ribamar respondia por acusação de estupro. Acreditava que o “compadre”, como costumava chamar, estava preso por ter sido condenado após supostamente matar a esposa. Já a mãe, Sebastiana, diz que Gilmar insistiu para que V ficasse com Ribamar e não o contrariou por ele ser “muito alterado”.
Criança admite que não era a primeira vez que dormia lá (Foto: Exclusividade OitoMeia)
O depoimento do menor é ainda mais estarrecedor. Além de explicar em detalhes que foi o pai quem o obrigou a ficar com Ribamar, ele revela a existência de uma suposta “Dona Nita”, que seria mãe de um diretor da penitenciária e ajudou o pai a ter uma moradia na localidade Mucuim, zona rural de Teresina, que fica nas proximidades da penitenciária. A família antes morava na cidade de Alto Longá. Disse também que existia promessas de Ribamar de dar presentes e até um vídeo game para o irmão mais novo, de apenas 9 anos, que foi prometido para ser afilhado do detento. Já Ribamar disse que responde pelo crime de atentado ao pudor, em 2009, e que possui duas acusações de pedofilia, no entanto que não tinha qualquer intenção de abusar do menor V.
PARA ENTENDER No sábado passado, dia 30 de setembro, a família de Gilmar Francisco Gomes, que há dois meses foi solto da Major César, após uma condenação por estupro, foi até a penitenciária visitar José de Ribamar Pereira Lima, que está preso também condenado por estupro, além de responder a mais duas acusações, ambas por pedofilia. Gilmar levou a esposa Sebastiana Rodrigues Gomes e quatro filhos V.R.G.S (13 ou 12 anos), M.A.R. (13), A.R.G (12) e J.G.R.G (8 anos). Chegaram por volta das 8h, almoçaram juntos por volta das 13h e combinaram de sair por volta das 17h. Foi quando houve a decisão de que V ficaria para dormir com Ribamar dentro da Major César.
Preso, José de Ribamar aceitou que a criança ficasse com ele (Foto: Exclusividade OitoMeia)
A VISTORIA V garante em seu depoimento que resistiu para não ficar. Mas seu pai Gilmar mostrou-se irredutível e que tentou convencê-lo dizendo que o irmão mais novo também poderia ficar. O que não ocorreu porque a criança mais nova rejeitou a ideia e a mãe não aceitou. V então dormiu num quarto da penitenciária, em companhia de Ribamar, por volta das 22h. Ele disse que ficou vendo TV até pegar no sono. Já Ribamar disse que ficou do lado de fora esperando as bombas d’água irrigarem a horta da penitenciária. Dormiram e por volta das 2h uma vistoria surpresa fez com que Ribamar pedisse para V se esconder embaixo do colchão para não ser flagrado. O que não deu certo. O agente Ronaldo Lopes da Rocha Mendes o encontrou e levou o caso à direção.
CASO DE PEDOFILIA? Em seu depoimento José de Ribamar garante que não tinha qualquer intenção de abusar do menor. E que só permitiu que a criança ficasse lá porque teria sido um pedido da própria. Ele se tornou próximo da família por ter cumprindo pena junto com Gilmar por pelo menos dois anos na Major César. Nos indultos visitava a casa de Gilmar, mas não havia comentado, segundo contam o pai e a mãe de V, que responde condenação por pedofilia. Ele sempre dava presentes, refrigerante, biscoito, bombons etc aos filhos de Gilmar e garante que só dava dinheiro porque sabia da condição financeira ruim da família e em troca Sebastiana lavava algumas de suas roupas. Ele nega que tenha tocado na criança e o exame solicitado junto ao Instituto Médico Legal (IML) em Teresina deu negativo para constatação de conjunção carnal e ato libidinoso.
Foi para este quarto que o detento levou o menor de inicial V
PROSTITUIÇÃO? TRABALHO INFANTIL? O problema pode ser ainda maior se comprovada a denúncia apresentada pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi): teria uma rede de prostituição de menores atuando dentro da penitenciária Major César. Segundo o presidente do Sinpoljuspi, José Roberto, a secretaria estadual de Justiça do Piauí estaria sendo conivente ao falhar na segurança e permitir o acesso de pessoas alheias, facilitando o aliciamento de menores nas dependências da Major César. O deputado estadual Robert Rios foi a tribuna da Assembleia Legislativa pedir pelo afastamento do secretário Daniel Oliveira, titular da Sejus. Alega incompetência e vai denunciar o caso junto a instituições como a UNICEF. “Pôr uma criança dentro da cela de um pedófilo é como colocar um cabrito para uma onça dentro de uma jaula. Vou o denunciar na UNICEF e em todas as cortes internacionais que protegem criança e adolescente”, afirmou Robert Rios. Além da suspeita de prostituição, existe a possibilidade de o menor V ter atuado trabalhando na hora junto com os detentos da Major César, o que configuraria como trabalho infantil.
JUSTIÇA TIRA CRIANÇA DA GUARDA DOS PAIS Nesta quarta-feira (04/10) a juíza da 1° Vara da Infância e Adolescência, Maria Luiza decidiu afastar V e seus irmãos do convívio dos pais Gilmar e Sebastiana. O motivo alegado por ela em entrevista ao OitoMeia foi de proteger os menores. As crianças afastadas se encontram em um abrigo, que não teve o nome mencionado. Os pais serão intimados e terão direito a defesa. Segundo ela foi uma decisão solicitada pelo Conselho Tutelar. Maria Luiza disse ainda que as crianças devem permanecer no abrigo até que a audiência seja feita para decidir qual será o destino delas. “Vai ser feito um relatório circunstanciado para o Ministério Público e somente aí será decidido o destino dos menores. É inadmissível que os pais dessa criança tenham permitido isso. Eles serão intimados para prestarem depoimento, mesmo assim a gente lamenta toda essa situação. Garanto que iremos proteger essa criança e seus irmãos”, disse a juíza.
Por Allisson Paixão
Fonte: Portal oitoemeia
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