O Comitê de Prevenção e Combate à
Tortura no Piauí apresentou esta semana denúncia contra o Governo do Estado e
Secretaria de Justiça do Piauí pelo tratamento desumano e agressões sofridas
por 43 presos transferidos da Central de Flagrantes de Teresina para a Casa de
Detenção de Altos. Imagens obtidas com exclusividade pelo G1 mostram detentos sendo agredidos e
obrigados a ficar nus. A Secretaria de Justiça (Sejus) informou que vai apurar
o caso.
Segundo a
denúncia, o governo autorizou a retirada dos presos da Central de Flagrantes de
Teresina no dia 13 deste mês, para resolver o problema de superlotação do
local. Desde o dia 11 deste mês, agentes
peninteciários em greve se recusam a receber detentos no
sistema prisional. Outros serviços como visitas íntimas e de advogados, a
transferência de presos entre presídios e deslocamento para audiências também
foram suspensos.
Custodiados por
policiais militares, os detentos saíram em peregrinação por unidades prisionais
do estado na busca de vagas até chegarem na Penitenciária de Campo Maior, inaugurada de forma emergencial,
sem as condições básicas necessárias e segurança mínima.
"Eles
ficaram dois dias viajando pelas penitenciárias do Piauí sem comer e beber,
nenhum tipo de atendimento médico e até mesmo contato com a família. Foram
várias irregularidades, não seguindo o protocolo que a lei determina que é a
autorização do juiz para deslocamentos", explicou a presidente do Comitê,
Lurdinha Nunes.
Segundo ela, os
presos foram levados de Teresina para Picos e depois para Floriano, em seguida Campo Maior e por último Altos, totalizando 830 km. Sem ser recebidos em nenhuma
unidade prisional, por causa da greve dos agentes penitenciários, os detidos
foram conduzidos para a antiga
penitenciária Nelson Mandela e posteriormente o Centro de Detenção Provisória de
Altos.
Um vídeo divulgado pelo Sindicato
dos Agentes Peninteciários do Piauí (Sinpoljuspi), e apresentado pelo comitê na
denúncia, mostra os registros dos maus tratos contra os presos. “São 43 que
estão lá e quando descobriram que a gente iria, deram as roupas deles depois de
quatro dias. Temos as imagens deles às 13h recebendo a roupa para poder se
vestir. Todo esse tempo, as famílias não sabiam onde eles estavam”, afirmou
Lurdinha Nunes.
A presidente do
comitê contou ainda que entre os presos há um rapaz lesionado com spray de
pimenta nos olhos e um que está com marca de bala de borracha. “Tem outro que
fez cirurgia e está com infecção na cirurgia. Há presos com problemas de asma
sem medicamentos”, disse.
Lurdinha Nunes
lembrou que o estado é obrigado a assegurar que os privados de liberdade sejam
mantidos em condições humanas, com os seus direitos respeitados. Para ela, no
caso denunciado houve a violação dos direitos humanos e isto não pode ser
tolerado, já que a tortura é proibida pela Constituição Brasileira.
“Fizemos o
protocolo do crime de tortura e maus tratos, além de condições degradantes
também através de um protocolo. A primeira etapa é com o juiz de execuções
penais, a Delegacia de Direitos Humanos e Ministério Público”, relatou.
Assista o vídeo:
Assista o vídeo:
(G1)
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