2 de jun. de 2017

Parnaíba turística, a que foi sem nunca ter sido.




Esta semana veio parar em cima de minha mesa de trabalho um folheto de nome Juntos a Bordo, da Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Passageiros. Publicação dessas que todo dia a gente encontra pela cidade na mão de todo mundo que quer vender alguma coisa. No centro de Parnaíba a gente é assediado todo santo dia, principalmente pela manhã, com aqueles folhetos.
Se fosse dinheiro eu voltava pra casa com a burra cheia todo final de manhã. Quando não é de consultório de dentista é de revenda de carros, pneus, loja de perfumes, do Armazém Paraíba, Sebrae, escritórios de advocacia, consultório de olhos e óticas, Comercial Carvalho, cursinhos disso e daquilo. Antigamente era de uma vidente, uma sujeita vinda dos cafundós do Maranhão e que prometia contar tudo sobre sua vida, passado, presente e futuro. Calcule só.
Mas o tal folheto de divulgação da ABRATI, até que bem confeccionado em quatro páginas, trazia informações interessantes sobre destinos turísticos, oferecimento de pacotes de viagens, curiosidades sobre regionalismo, receitas culinárias, essas coisas. Destinos turísticos pra Porto Seguro, na Bahia, Olinda, Chapada Diamantina em Minas Gerais, Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro e até Brasília! Imaginem!


Quem diabos é que tem interesse de conhecer Brasília numa horas dessas, me diga? E aquele folheto me transportou pra uma situação que estou de cabeça branca de falar. A Parnaíba como cidade turística que se meteu a dizer que era, nunca soube e nem sabe até hoje vender seu peixe.
Outro dia estava escutando uma emissora de rádio e ocorreu de estar sendo veiculado anúncio de uma agência de turismo da cidade. Oferecendo pacotes pra o feriado de 14 de agosto, Dia da Parnaíba. Viagens turísticas pra Jericoacoara e outras praias do Ceará. Diabo é isso?! Do Ceará, sim senhor. Achei estranho aquele anúncio. Mas negócio é negócio e um direito de quem faz negócio! Se alguma emissora de Fortaleza estiver veiculando anúncio turístico vendendo a Parnaíba até que compensa.
Alguém há de dizer que é implicância minha. Olhando pelo lado de atrativos naturais e culturais a Parnaíba está como diz o caboclo, é pebada. E olhe que tem e tinha tudo pra estar no tope da lista. Não tem atrativos de festas populares, shows, teatros, bibliotecas, museus. Não tem casario atraente como o que encontramos no interior de Minas Gerais. As lojas de artesanato ficam numa região decadente, o Porto das Barcas. Bem que poderia ter uma ou duas dessas lojas na praça da Graça. Que mal podem fazer?
Você não encontra um turista americano, canadense, belga, italiano, argentino que seja interessado em registrar o casario, as igrejas, no mercado da Quarenta ou da Caramuru. Não encontra um turista sequer comprando bilhete pra uma peça de teatro, fazendo compras no calçadão da Marechal Deodoro. Lá do cais embaixo da ponte eles vão pro delta e de lá escapolem de volta feito sabonete molhado. As pouquíssimas lojas de artesanato no Porto das Barcas, mesmo com boas peças, quadros, e tudo o mais estão com as paredes se esfarelando de podres! Dá medo acontecer uma tragédia!

Fica difícil entender o motivo porque uma cidade como Pedro II, que meteram na cabeça de dizer que era a Suíça piauiense, tenha em determinada época do ano um festival que traz artistas renomados.  E engraçado, o pessoal daqui vai todo pra lá! A Parnaíba mal consegue trazer essas bandas de forró que empestam de bobagens as cidades do Nordeste. O que acontece com essa Parnaíba, meu Deus do céu, que não consegue limpar esse chiclete seco que grudou na chinela japonesa?

Por Pádua Marques
Jornalista e Escritor

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