O ministro da Educação, Mendonça Filho, resolveu
recolher 93 mil exemplares do livro de contos "Enquanto o sono não
vem", distribuídos em escolas públicas de ensino fundamental e
recomendados para alunos do primeiro ao terceiro ano, entre 6 e 8 anos. As
primeiras reclamações sobre o livro surgiram no Espírito Santo, onde a obra já tinha sido recolhida por secretarias locais.
A decisão do MEC se baseia em um parecer técnico da
Secretaria de Educação Básica (SEB), que considera a obra inadequada por causa
do conto "A triste história de Eredegalda", que trata a história de
um rei que quer se casar com uma de suas filhas.
O parecer técnico demonstra que o texto de obras
literárias deve ser adequado não só às competências linguísticas e textuais do
aluno, mas também à experiência de vida daquele leitor. "As crianças no
ciclo de alfabetização, por serem leitores em formação e com vivências
limitadas, ainda não adquiriram autonomia, maturidade e senso crítico para
problematizar determinados temas com alta densidade, como é o caso da história
em questão", garante o parecer, em referência ao conto.
A obra faz parte do Programa Nacional do Livro
Didático (PNLD) e foi avaliado e aprovado, em 2014, pelo centro de
Alfabetização, Leitura e Escrita da Faculdade de Educação da Universidade
Federal de Minas Gerais. Os 93 mil exemplares serão recolhidos das escolas de
nível fundamental e serão redistribuídos em bibliotecas públicas de todo
Brasil.
A história
A obra é de autoria de José Mauro Brant e foi
publicada pela Editora Rocco, No livro, existe uma descrição, explicando a
origem da história. “A história da princesa assediada pelo próprio pai aparece
em vários lugares do Brasil com nomes diferentes: ‘Silvaninha’, ‘Valdomira’,
‘Faustina’. A versão aqui incluída foi inspirada em uma recolhida em Barbacena,
Minas Gerais, e foi acrescida dos versos de um acalanto denominado ‘Lá vem
vindo um anjo’”.
Em entrevista ao
G1 ES, o autor disse acreditar que a polêmica gerada em torno da obra tenha
sido causada por falta de informação de capacitação dos profissionais.
“Há uma desinformação do que é o conto folclórico e dos contos de fada, que são
territórios que abordam assuntos delicados. A gente está falando de um universo
simbólico. É uma história que dá voz a uma vítima”, disse.
A UFMG, que analisou as obras do PNAIC, disse que a polêmica
"trata-se de um julgamento indevido construído por leitura
equivocada".
"Aparentemente, alguns leitores desavisados consideraram que, por
conta dessa temática, a narrativa seria inadequada para crianças. O mesmo pode
acontecer com o tema do sequestro, presente na narrativa 'Canta, canta meu
surrão'. Trata-se, em ambos os casos, de um julgamento indevido construído por
leitura equivocada do romance, do reconto, da tradição oral e do lugar da
literatura na formação da criança", diz um trecho a nota técnica enviada
pela UFMG.
G1
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