No último dia 15, por volta do meio dia, foi encontrado um filhote de peixe-boi encalhado no município de Luís Correia, mais precisamente entre as praias Atalaia e Peito de Moça. O animal foi encontrado por turistas que estavam no local e reintroduzido ao mar com ajuda de pescador.
Segundo os turistas, o animal tinha cerca de 1,20 m de comprimento e apresentava secreção no umbigo, além de coloração avermelhada nos olhos.
“Estávamos andando na praia, quando avistamos algo volumoso de coloração acinzentada. Nos aproximamos e identificamos que se tratava de um peixe-boi. O animal estava fraquinho, com os olhos bem vermelhos e liberando uma secreção de uma abertura que parecia ser o umbigo. Eu e meu esposo, junto a um pescador que passava, conseguimos devolvê-lo ao mar. Sabemos da existência do Projeto Pesca Solidária, na conservação da espécie, mas não tínhamos o contato no momento para repassar a informação, e achamos que o correto seria devolvê-lo ao mar. Hoje por meio das informações repassadas pelos técnicos já sabemos quais medidas tomar e até repassar para demais companheiros que também desejam um ambiente melhor e equilibrado”, informa a turista que localizou o encalhe vivo, Débora Pontes.
Ainda segundo Débora, o pescador que os ajudou a devolver o filhote também informou que dias anteriores encontrou um peixe-boi morto na Praia do Arrobado, em Luís Correia. “Agora entendendo a importância desses bichos para o meio ambiente. Com as informações obtidas com a técnica do projeto, nos colocamos à disposição no que for necessário para colaborar com a conservação da espécie”, complementa Débora.
O Projeto Pesca Solidária, patrocinado pela Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental, desenvolve pesquisa e conservação do peixe-boi em parceria com o ICMBio. Os peixes-bois marinhos pertencem a ordem Sirênia e são animais que podem medir até 4m de comprimento e pesar até 600 kg. Mesmo com seu tamanho avantajado, são criaturas dóceis e cativantes. A estimativa populacional da espécie, que compreende uma área que vai desde Alagoas até Piauí é de 1.000 indivíduos. São considerado no Brasil, o mamífero aquático mais ameaçados de extinção. De acordo com dados do ICMBio, a caça, a pesca predatória e a ocupação costeira desordenada levaram o peixe-boi marinho a categoria de “espécie em perigo crítico de extinção” pelo Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Sirênios (ICMBio, 2011).
O período gestacional do peixe-boi ocorre num período de 12 a 14 meses e amamentação é de aproximadamente 2 anos. Já o intervalo entre partos são de três a quatro anos. Durante as primeiras semana de vida do filhote, a mãe ensina comportamentos de respiração, deslocamentos e alimentação. Um vez que nos primeiros meses de vida, alimenta-se exclusivamente do leite materno, essencial para o seu desenvolvimento.
“Os peixes-bois são animais muito dóceis e cativantes, o que arremete vontade de abraçá-lo, mas não podemos e nem devemos tocá-lo ou alimentá-lo. É necessário respeitar seu espaço, habitat e a sua liberdade”, comenta a bióloga Liliana Souza. No Piauí, o índice de encalhe é considerado baixo, com apenas dois registros nestes anos de atividades voltadas à sua conservação. Atualmente, os técnicos do Projeto Pesca Solidária vem aumentando esforços no monitoramento da espécie, uma vez que suas avistagens vêm diminuindo consideravelmente nos últimos meses.
“De acordo com dados obtidos nos últimos dois anos, durante o período chuvoso a frequência de avistagem desses animais no estuário Timonha e Ubatuba PI/CE) é constante, porém durante os últimos cinco meses não temos encontrado os bichos na área citada, o que nos causa uma grande preocupação. Obter informações de encalhe de filhote triplica essa preocupação. Aumentar os esforços para a conservação da espécie é estritamente necessário”, informa Liliana Souza, coordenadora do monitoramento do peixe-boi do Projeto Pesca Solidária.
“Os peixes-bois marinhos nascem com 1,20 a 1,40 m de comprimento e de acordo com as características do animal repassadas por Débora, o animal encalhado tratava-se de um filhote. As fêmeas procuram geralmente ambientes calmos, como mangues e estuários para darem à luz. O estuário Timonha e Ubatuba é considerado o mais bem preservado do Brasil e abriga diversas espécies ameaçadas de extinção, mas temos observados fluxo de embarcação de médio e grande porte em uma área considerada prioritária pra conservação dessas espécies, por apresentarem características necessárias para repouso, reprodução, para os sirênios. Isso pode estar afugentando os animais para áreas mais desprotegidas, que acabam parindo em alto mar, ocasionando o encalhe de seus filhotes por não conseguirem nadar”, complementa Liliana.
Hoje pela manhã, os técnicos estiveram no local do encalhe fazendo monitoramento a pé, a fim de verificar que o animal não retornou à praia. “Fizemos um trecho de praia que compreende em torno de 4 km e conversamos com alguns moradores para nos repassar informações caso os encontre novamente, disse Liliana.
O Projeto Pesca Solidária agrade a colaboração de Débora Pontes, Guilherme Pontes e Bárbara Pontes. E vem repassar algumas informações básicas caso seja encontrado um peixe-boi encalhado vivo ou morto:
Animal vivo:
- Se aproxime devagar, com cuidado para não assustá-lo;
- Certifique-se de que o animal esteja respirando e se mexendo;
- Informe imediatamente ao órgão atuante na região;
- Proteja-o do sol, fazendo uma sombra, molhe a pele sempre, tomando cuidado para não cobrir as narinas;
- Cuidado para não jogar água nas narinas, quando estas estiverem abertas;
- Afaste os curiosos. Chame policiais e bombeiros caso necessário;
- Não devolva o animal para o mar;
- Não alimente!
Animal morto:
- Aproxime-se e veja se o animal respira ou se mexe;
- Informe imediatamente ao órgão atuante na região;
- Não toque-o;
- Se for captura acidental, leve-o para a praia.
Seja um colaborador na conservação da espécie, nos contate-o nos telefones:
- Liliana Souza
- (86) 99455-0832 (Claro)
- (86) 99852-7920 (Tim)
- (86) 98190-5698 (Vivo)
Kesley Paiva:
- (86) 99467-3012 (Claro)
- (86) 99823-8974 (Tim)
- (86) 98179-064 (Vivo)
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