A morte do cabo Valdir Mendonça, quando tentava impedir um assalto na Zona Leste de Teresina, deixou a classe policial revoltada. Segundo o presidente da Associação dos Cabos e Soldados do Piauí (Abecs), Agnaldo Oliveira, o fato demostra cada vez mais um problema que há dois anos vem sendo debatido pelos policiais. Nos últimos dois anos 17 policiais já morreram em serviço, seja ele público ou particular.
“Nós estamos revoltados, não temos apoio do governo. Temos consciência que esse é o nosso dever, nosso trabalho e não nos negamos a fazê-lo, mas precisamos avançar nas negociações com o governador. Precisamos de um bom salário, para que 85% dos nossos policiais não tenham a necessidade de fazer bico para completar a renda familiar”, disse o presidente.
O secretário de administração Franzé Silva afirmou que o governador Wellington Dias já conversou com as categorias ligadas a segurança pública e que este assumiu o compromisso de analisar o comportamento da receita e apresentar uma proposta dentro da realidade financeira do estado.
“Não queremos assumir compromisso com as categorias e depois não poder cumprir. Precisamos trabalhar com os pés no chão para não desequilibrar o fluxo de caixa do estado. Se não tivemos certeza de que os aumentos podem ser pagos sem atraso, levaremos o estado a cometer a ilegalidade de descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal”, falou o secretário.
Agnaldo Oliveira se questiona ainda sobre a postura por parte do governador, que teve um policial militar morto enquanto trabalhava na segurança da sua família.
“Depois da morte do cabo Francisco das Chagas Nunes, acreditávamos que ele iria nos valorizar. Os bandidos estão superando o aparato policial. Saímos para a rua e não temos horários de retornar, nem sabemos se voltaremos com vida ou em um caixão de madeira. Essa é nossa realidade, a segurança no Piauí está chegando à zero”, falou.
Agnaldo Oliveira destacou que última reposição salarial para os policiais militares foi de 6,29%, que equivale a R$198, bem menos dos 18% de reajuste salarial que a classe almeja. O presidente da associação denuncia ainda que a tropa efetiva é muito antiga.
“Nossa tropa é muito antiga, os mais velhos estão saindo e não estão colocando novos policiais. O governo prometeu 400, que não dá para nada e quem nem sabemos quando vão chegar. Precisamos de bons salários, melhores condições de trabalho, novos aparatos para o nosso trabalho. Precisamos de mudança, se não podem dar o que pedimos que ao menos dêem isonomia com a Polícia Civil”, finalizou.
G1/PI
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