16 de jan. de 2017

PT, UMA LEDA UTOPIA.

Era início da década de 80 quando fiz a minha primeira escolha política, naquela época eu ingressava no PT - Partido dos Trabalhadores, e como muitos dos meus companheiros, também fui levado pelas histórias de lutas e pelas bandeiras éticas e decentes levantadas pelo Partido. Naquele período de desmandos políticos, além da Ditadura Militar, reinava o coronelismo e o nepotismo de oligarquias partidárias influentes e abastadas.
Naqueles tempos, ser um militante petista era ter que suportar o estigma de ser visto com desconfianças, como uma criatura subversiva, como um indivíduo desocupado e até rotulado de agitador social. E mesmo ciente de tudo isso entrei nas fileiras do PT, na busca de meus ideais políticos, pois não comungavam com o quadro de injustiças sociais reinantes, e fui para essa militância política inspirado nas lutas de sindicalistas rurais e estimulado pela coragem do Pe. Ladislau, do Prof. Anísio, do Prof. Edmilson, e de muitos outros petistas esperantinenses, estaduais e nacionais.

Naquela época as práticas de nepotismos e de outros 'malfeitos' não eram admitidas dentro do partido, não se contemporizava nenhuma falha de caráter e nem se admitia deslizes éticos e morais. E caso essas coisas viessem a ocorrer, os infratores seriam punidos com muito rigor pela cúpula petista, chegando nesses casos até a expulsão do Partido.
Aquilo era tudo o que me identificava com a sigla partidária. Costumava dizer que o meu PT, não era simplesmente uma agremiação partidária. O Partido dos Trabalhadores era uma verdadeira ideologia de vida, de cidadania e de respeito às regras legais e guardião da democracia.
Afinal, era combatendo fortemente e sem tréguas todas aquelas práticas abomináveis das outras siglas partidárias, que o nosso glorioso PT se afirmava como decente e assim se diferenciava dos demais partidos.
E hoje depois de tantas lutas, vejo a militância política e o partido nessa situação degradante, literalmente em frangalhos. E essa situação mexeu com os meus brios de ex-militante petista, bem como constatar que as novas linhas diretivas e ideológicas (ou sem) transformaram o PT em um partido de quadros, passando por cima da sua base, do seu maior tesouro - da sua autêntica militância partidária.
Naquela época, era evidente que queríamos chegar ao poder, mas não seria a qualquer custo, não a qualquer preço, pois era fundamental e necessário manter a ideologia política e as reservas ética e moral do partido, uma agremiação construída com muitas dificuldades financeiras e logísticas, lutas desiguais, trabalhos extenuantes, lágrimas doloridas e grandes sacrifícios de companheiros e companheiras.

Matias Sene
(ex-petista)

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