22 de jan. de 2017

O perigo das minas terrestres


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Por: Pádua Marques(*)
Entre as paixões que eu tenho, uma delas é assistir filmes. Mas não é qualquer filme não! Tenho a perder de conta entre as dezenas de filmes, entre brasileiros, americanos e de outras nacionalidades sobre as guerras, tanto as antigas quanto as da atualidade. Estes filmes que tenho e que guardo com o carinho de mãe de primeira viagem, sempre que posso os coloco no equipamento e ao assistir analiso com olhos de ciência esta arte humana, tão nociva e tão pouco estudada.
Sobre a Segunda Guerra, tão exaustivamente mostrada nas telas, tenho praticamente os clássicos. Sobre as guerras e guerrilhas modernas, no Oriente Médio, África, Ásia e na América Central e América do Sul, sempre me chamou a atenção pelo seu efeito traiçoeiro e fatal o emprego da mina terrestre. Funciona mais ou menos assim: os soldados colocam enterradas as ditas cujas e quando alguém vai passando, pisa nela e aí voa caco de gente pra tudo quanto é lado.
Mina terrestre quando não mata, aleija. É muito sofrimento que pode ser verificado nesses clássicos como Os Gritos no Silêncio, A Ponte do Rio Kwai, História de Um Massacre, Dias de Glória, A Volta dos Bravos, Cem Dias na Floresta, os recentes O Dia do Perdão, Leningrado, Iluminados pelo Fogo, Katin e Julgamentos de Guerra. As minas terrestres são ao lado do envenenamento de águas, bombardeios de hospitais e escolas, as armas mais covardes de uma guerra.
Mina terrestre não escolhe cara nem nacionalidade. Se o cara é preto, branco, amarelo, índio, tem doutorado ou mestrado na Uespi, se é analfabeto de pai e mãe, se votou no Trump ou no Mão Santa, no Firmino Filho, diabo a quatro. Pra mina terrestre não tem esse negócio de escolher quem tem dinheiro em casa ou conta na Caixa Econômica, estudou no Colégio das Irmãs, Polivalente, Caixeiral, Dom Barreto. Se o sujeito compra fiado no Credishop do Paraíba, no Carvalho, Parnaíba Shopping. Não tem escolha. Coisa de triscar numa delas e ficar sem o pé ou a perna, no mínimo.
E falando em guerra e minas terrestres, os prefeitos empossados agora em janeiro deveriam estar era se pelando de medo. Podem ao saírem à rua e num descuido de nada, adeus mundo velho de gente ordinária! Armas que foram enterradas, pelo visto de propósito, pra acabar com a festa de muita gente. Essas minas terrestres estão em manobras de licitações, obras inacabadas, falta de merenda escolar, mau atendimento em postos de saúde, calçamento mal feito, redes de abastecimento, lixo, programas mirabolantes. São umas verdadeiras armadilhas que os prefeitos perdedores deixaram no caminho dos vencedores. Verdadeiras cascas de bananas numa calçada molhada.
Aqui em Parnaíba e pelas redondezas onde prefeitos foram ou tiveram seus candidatos derrotados ainda vão explodir muitas minas terrestres. Certamente que as equipes de varredura vão levar uns seis meses ou mais pra descobrir estas armas. Elas devem estar escondidas em tudo quanto é canto da administração. Dentro de computadores, vasos sanitários, máquina de fazer café, torneiras de jardim, perto de estátuas, poltronas de gabinetes. Muitas dessas minas terrestres nunca, mas nunca mesmo serão encontradas. Mão Santa e seus colegas que abram o olho por onde estão pisando!
(*)Pádua Marques é jornalista e escritor

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