30 de set. de 2016

Operação 'Lava Jato' investiga obra feita pela Odebrecht no litoral do PI

As obras do projeto de irrigação dos Tabuleiros Litorâneos de Parnaíba, no Piauí, estão entre as 38 obras da empreiteira Odebrecht, em todo país, relacionadas no inquérito da 35ª fase da Operação Lava Jato, aberto pela Polícia Federal na última terça-feira (27/09), após a prisão do ex-ministro da Fazenda no governo Lula, Antonio Palocci.
Segundo o site Paraná Onlina, o inquérito investiga suspeitas de interferência do ex-ministro nas obras realizadas Odebrecht. No Piauí, a empreiteira fez consórcio com a Queiroz Galvão para a aexecução do projeto. A reportagem diz ainda que "a base da investigação é a planilha que revelou o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – departamento cuja finalidade seria pagamento de propina a agentes políticos".
São apurados supostos crimes de corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e fraude em licitações.
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No relatório, é referenciada uma notícia postada no site da empreiteira, ainda no ano de 2008, onde se diz: "Em consórcio com a Queiroz Galvão, a Odebrecht (líder) executará a segunda etapa do projeto de irrigação Tabuleiros Litorâneos de Parnaíba, no Piauí. Trata-se do aproveitamento hidroagrícola dos tabuleiros (planaltos de baixa altitude) dos municípios de Parnaíba e Princípios do Piauí. O consórcio será responsável pelas obras civis do projeto, bem como pelo fornecimento e montagem de equipamentos, construção de mais de 19 km de canais, cinco estações de bombeamento e uma adutora com 3 km de extensão. O Projeto vai abranger uma área total de 8.183 ha e o prazo de construção é de três anos".
- Clique para acessar a notícia no site da Odebrechtmateria2008.png
Sobre a prisão de Palocci
Em coletiva para detalhar a 35ª fase da Operação Lava Jato, a procuradora da República, Laura Gonçalves Tessler disse que o ex-ministro Antônio Palocci teve atuação “intensa e reiterada” na defesa de interesses da empreiteira Odebrecht na administração pública federal. Segundo a procuradora, a empreiteira repassou R$ 128 milhões de reais a uma conta que seria gerida pelo ex-ministro, mencionando ainda uma conta destinada ao recebimento de vantagens indevidas da Odebrecht e Palocci seria o gestor dessa conta.
“Se verificou uma atuação intensa e reiterada de Palocci na defesa de interesses da empresa perante a administração pública federal envolvendo contratos com a Petrobras, questões veiculadas e medidas legislativas. Essa atuação se deu mediante a pactuação e recebimento de contrapartidas em favor do Partido dos Trabalhadores. Palocci, ao que tudo indica, atuava como gestor dessa conta tendo atuado desde 2006 até pelo menos novembro de 2013, comprovadamente, com pagamentos documentados nessa planilha”, disse a procuradora.
- Ex-ministro Palocci, quando preso pela PF. Foto: Giuliano Gomes/ PRPresspaloccipreso.jpg
Os valores discriminados na planilha da construtora eram registrados em nome de "Italiano”, segundo a Polícia Federal (PF). O delegado da PF, Filipe Pace, disse que não há “sombra de dúvida” de que o “Italiano” que aparece nas planilhas de Marcelo Odebrecht é o ex-ministro Palocci. A procuradora Laura Gonçalves destacou que repasses registrados para o Italiano não ocorreram apenas em período eleitoral. “O que revela mais claramente se tratarem de propina, já que não havia em curso qualquer campanha eleitoral que subsidiasse esses pagamentos”, disse.
Para o Ministério Público Federal, há indicativos de que Palocci tenha atuado em outros casos em defesa dos interesses da empresa. Segundo a procuradora Laura Gonçalves, foram registrados quase 30 encontros pessoais entre Palocci e executivos da empresa, muitos deles na casa do ex-ministro e no escritório de sua empresa. Laura Gonçalves afirma ainda que, mesmo no curso da Operação Lava Jato e em 2014 e 2015 foram verificados contatos entre Palocci e executivos da Odebrecht, inclusive com o uso de e-mails criptografados. “O que indica a possibilidade de que continuassem essas tratativas ilícitas já que obviamente para realização de reuniões para assuntos triviais não se precisa ter essa preocupação de criptografia”, disse a procuradora.
*Com trechos de Agência Brasil

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