Quando a maioria dos meninos de sua idade estaria com os olhos vidrados num videogame ou brincando com os ditos brinquedos tradicionais, bola, carrinhos, bonecos de desenhos animados da televisão, o estudante Luiz Arthur Araújo Carvalho passa o tempo livre sentado no chão da sala de visitas de sua casa e, de posse de seu estojo de desenho, canetas, lápis, um cartão magnético que serve de régua e uma enorme folha de cartolina. Ele é um desenhista de mapas.
Estudante do quarto ano do ensino fundamental de uma escola do SESC na Beira Rio, o Centro Educacional Elizeu Matins, filho caçula de uma nutricionista e de um jornalista, administrador de empresas e aeroviário, Luiz Arthur Araújo Carvalho desenvolveu uma habilidade de desenhar mapas depois de se interessar por plantas de cidades, principalmente de Parnaíba. O início desse trabalho que hoje consome no mínimo entre três e quatro horas de muita concentração foi num caderno de exercícios. Com o tempo passou para a cartolina.
“Meu primeiro mapa eu desenhei pra minha escola. Minha professora gostou e esse desenho acabou chegando à direção e até Teresina”, diz. Mas quem pensa que Luiz Arthur faz apenas mapas de sua cidade, Parnaíba, muito se engana. Ele faz mapas de cidades imaginárias e prova disso foi seu primeiro onde a cidade recebeu o intrigante nome de Parnate, inspirado no mapa de sua cidade. “O mapa acabou ficando conhecido na minha escola. Eu não queria colocar Parnaíba e então coloquei um nome pra ficar diferente”, acrescenta.
Depois de muito tempo Luiz Arthur já contabiliza a quantidade de mapas, nada menos que dezessete. E todos guardados com muito zelo entre seus mais preciosos objetos. Os pais chegaram a comprar uma prancheta e colocaram na sala de trabalho, mais confortável e de acordo com o seu desejo. Mas o pequeno desenhista prefere a forma mais simples, desenhar com a cartolina apoiada no chão. Toda essa precocidade acabou inspirando colegas de sala de aula.
Mas é do pai José Luiz de Carvalho, de quem recebe o maior incentivo. E quando perguntado sobre o que gostaria de ser quando crescer, não se faz de rogado: engenheiro. Os mapas feitos pelo pequeno Luiz Arthur não podem ser considerados desenhos ditos comuns de uma criança de sua idade escolar.
Os mapas traduzem uma preocupação com saneamento básico, linhas de transporte, abastecimento de água, telefonia, serviços de saúde, meio ambiente, escolas, estradas, praças e outros equipamentos urbanos como áreas de lazer. E para impressionar ainda mais ele criou a expressão “faixas temporais”, para separar os vários momentos de crescimento e desenvolvimento de uma cidade.
Outra particularidade nos desenhos de Luiz Arthur: os desenhos das cidades imaginárias levam menos tempo para serem concluídos do que os de cidades já estruturadas. Uma
dessas cidades imaginárias recebeu o nome nada comum de Protolas. Mas no começo não foi assim. “Nos primeiros eu levei de três a quatro horas”, pontua. E quando Luiz Arthur associa Parnaíba ao seu trabalho, dá para perceber sua preocupação com o seu desenvolvimento, a oferta de empregos, a limpeza pública e até arrisca opinião sobre onde a prefeitura deve ser mais atuante, as zonas leste e sul.
Por Pádua Marques
Jornalista e Escritor
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