A pouco mais de 20 dias da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, no Maracanã, 58 atletas da equipe brasileira participaram de encontro no Palácio do Planalto, nesta quarta-feira (13.7), com o presidente em exercício, Michel Temer. Ao todo, a delegação que competirá no Rio de Janeiro já tem 460 nomes confirmados – número que ultrapassa em muito o recorde de até então, registrado na edição de Pequim 2008, com 277 brasileiros.
“Além do empenho, vamos pedir um esforço e uma concentração absoluta, porque para nós é um grande momento do Brasil, um momento em que cinco bilhões de pessoas vão assistir aos Jogos Olímpicos, mas na verdade estarão vendo o Brasil”, afirmou Temer. “É um momento de confraternização universal. O esporte é um meio de integrar pessoas e de fazê-las amigas, fraternas, que é o que estamos fazendo no Brasil. Quando os senhores puderem ostentar as medalhas, estaremos revelando o Brasil ao mundo, e revelando um Brasil onde a democracia é estável, onde as coisas estão caminhando bem, onde as instituições funcionam. Os senhores serão, por assim dizer, os embaixadores do nosso país”.
O ministro do Esporte, Leonardo Picciani, destacou a preparação histórica, com investimentos em instalações, equipamentos e na preparação dos atletas. “O Brasil se preparou como nunca para este ciclo olímpico. Foi o maior investimento já feito pelo governo federal e pelo Ministério do Esporte em todas as edições dos Jogos”, ressalta. “Sem dúvida essa será a melhor participação do Brasil nas edições dos Jogos. E esperamos que nos próximos ciclos possamos investir ainda mais e ter melhores resultados.”
O diretor executivo de esportes do Comitê Olímpico do Brasil, Marcus Vinícius Freire, endossou o argumento de que a preparação nacional subiu de patamar. “São quatro anos de parceria com o Ministério do Esporte, da Defesa, Marinha, Exército e Aeronáutica, Ciência e Tecnologia, confederações e patrocinadores. Tivemos o maior investimento da história e estamos com um mapa estratégico traçado desde 2009 para chegar ao top 10”, afirma. “Não é uma meta fácil, mas é factível e vamos contar com os 460 atletas do Brasil para chegar lá”, acrescenta.
A primeira disputa do Brasil nos Jogos Olímpicos será em 3 de agosto, a partir das 16h, no Engenhão, em partida do futebol feminino com a seleção chinesa. No dia seguinte, a seleção olímpica masculina enfrenta a África do Sul, no Mané Garrincha, em Brasília. Já no dia 5 de agosto será realizada a abertura oficial das Olimpíadas, no Maracanã.
Uma atleta que não estará no desfile das delegações é a campeã olímpica Sarah Menezes. Como a judoca defenderá seu título no dia 6, será poupada da celebração inicial. “Já estou vivenciando os Jogos Olímpicos, morando bem próximo de onde vai ser a competição, fazendo toda a preparação no Rio, no Maria Lenk, toda a parte tática, técnica, física e psicológica”, explica a judoca, nascida em Teresina (PI).
“Recentemente voltamos do último treinamento de campo, que foi de extrema importância para o judô feminino, na Espanha. Estamos fazendo a ultima concentração na Bahia, e no dia 24 vamos estar concentrados em Mangaratiba, já para os Jogos Rio 2016. No dia 4 entramos na Vila Olímpica”, conta. “A expectativa é excelente. Estou me sentindo preparada e forte. Tenho capacidade de estar mais uma vez no pódio”, destaca.
A abertura oficial da Vila Olímpica está programada para o próximo dia 24, quando a delegação brasileira começará a ocupar os 18 andares do prédio de número 30, todo destinado aos anfitriões. São 72 apartamentos de 213m², com quatro quartos duplos e um individual, todos com suíte. A estrutura do prédio conta ainda com um mezanino com área de convivência para os atletas, equipada com televisores, videogames e jogos, além de 60 bicicletas. A cerimônia de boas vindas à delegação brasileira na Vila será realizada no dia 31 de julho, às 11h30.
Frio na barriga
Novato na seleção olímpica, o judoca Alex Pombo conta que tem conseguido lidar com a expectativa da reta final. “Dá um friozinho na barriga quando paro para pensar, mas a gente procura manter os pés no chão e focar no treinamento, pensar um dia de cada vez para a ansiedade não ficar grande”, conta. “A seleção masculina está se preparando da melhor forma, com todo mundo focado, então acredito que estamos evoluindo bastante. Esse período grande de preparação dá uma força maior para podermos chegar fortes nos Jogos Olímpicos”, aponta o representante da categoria leve (-73kg).
Para a capitã da seleção feminina de rúgbi, Paula Ishibashi, não é possível combater a ansiedade por completo, mas sim usá-la a favor da equipe. “Eu costumo dizer que a gente usa isso como preparação porque a pressão a gente já teve durante esses anos. A gente tem que levar como energia positiva, não como peso”, acredita. “A gente tinha no nosso CT uma contagem regressiva. Até outro dia faltavam 300 dias, de repente começou a ficar nas dezenas, então está chegando de verdade. Saiu a convocação oficial na sexta passada e a chave, tudo de uma vez, mas gente sabe o que tem de fazer. Estamos treinando e o resto é resolver em campo e aproveitar o momento”, comenta.
A equipe segue em treinamento em São José dos Campos, com grama natural, até a próxima semana, quando ainda disputa os últimos amistosos. “A gente tinha feito a parte física bem intensa e agora estamos focando na parte técnica e tática. Depois temos uns três ou quatro dias de folga e vamos para o Rio”, conta. “Queremos sair no top 8 para poder brigar lá na frente nos outros dias”, espera.
Na preparação final para as competições, o Brasil contará com estruturas exclusivas que funcionarão como base de treinamento. O Centro de Capacitação Física do Exército, na Urca, por exemplo, receberá atletas de boxe, lutas, handebol, vela, vôlei de praia, taekwondo e tiro com arco. Na Escola Naval, treinarão o nado sincronizado, o polo aquático e o tiro esportivo. O vôlei e a esgrima ficarão concentrados em colégios (CEC, na Barra Tijuca, e QI, no Riocentro, respectivamente), enquanto o judô seguirá para Mangaratiba antes de entrar na Vila Olímpica.
“Estamos concentrados agora em Salvador. A gente volta no dia 20 para o Rio de Janeiro, finaliza o treinamento na Escola Naval, e no dia 1º a gente entra na Vila já a ponto de bala para competir”, explica Lara Teixeira, da equipe de nado sincronizado. “Estamos com uma expectativa muito boa em relação às finais olímpicas, tanto na prova de duetos quanto na equipe. Óbvio que a gente busca medalha, mas a gente está fazendo uma estimativa de entrar no Top 6 do mundo. Como é a primeira vez que a equipe compete em Olimpíada, esse já seria um resultado histórico para a gente”, acredita.
Em sua terceira participação olímpica, Lara acredita que o Brasil chega mais preparado do que nunca para a edição carioca do evento. “Eu vi uma grande diferença entre a minha preparação para Pequim e para o Rio 2016. A gente teve um ganho enorme e as instalações estão de primeira qualidade, a gente não tem nada a reclamar. Acho que vai ser uma brilhante competição”, aposta, sem esconder a ansiedade. “Eu não aguento mais treinar, quero competir. Estamos animadas para chegar à Vila, ver os competidores, o Maria Lenk com a cara dos Jogos, o clima olímpico”, afirma.
Cidadeverde.com
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