27 de mai. de 2016

DIÁRIO DO PODER: Mão Santa acerta Palloci

CANELADA NO PALOCCI
Político sem papas na língua, o então senador piauiense Mão Santa (PMDB) fez profissão de fé pela medicina, durante uma visita ao Senado do colega e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci. O que era para ser um alerta, teve o efeito de uma canelada:
- Ministro, o senhor é médico, eu sou médico, nós entendemos tudo de pressão alta e triglicerídeos. Mas de economia, vamos ser francos, nós não entendemos é nada!
Palocci procurou e não encontrou um buraco para sumir dali.
DEPUTADO ASSÍDUO
O deputado Chico Arlindo frequentava assiduamente a Assembleia Legislativa de Alagoas, e fez um discurso criticando os deputados faltosos, lembrando que ele ali comparecia “cotidiariamente”. O deputado Aurélio Viana o aparteou, com ar irônico:
- Não é “cotidiariamente”, deputado, o certo é “cotidianamente”.
Chico Arlindo devolveu:
- Cotidianamente para Vossa Excelência, que só aparece aqui uma vez por ano. Para mim, que venho todos os dias, é cotidiariamente mesmo.
VAIA É APLAUSO
Autor de algumas das melhores frases da história política brasileira (“O poder é afrodisíaco”), o ex-ministro Fernando Lyra considerava memorável a reação do ex-senador e ex-ministro Roberto Campos, ao ser vaiado após uma palestra, no Rio de Janeiro:
- A vaia é o aplauso daqueles que não concordaram...
ALMA ENCOMENDADA
Numa igreja da Asa Sul em Brasília, o nome do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), certa vez apareceu entre aqueles na intenção de cujas almas a missa é celebrada. Alguns fiéis chegaram a pensar que o ex-presidente havia morrido.
Tratava-se trata apenas do gesto de um jornalista, velho amigo de mais de 40 anos, cuja amizade Sarney perdeu e que, ao invés de falar mal dele, cuida de pavimentar o seu caminho para a eternidade.
TANCREDO E AS NAMORADAS
Em agosto de 1983, Tancredo Neves promovia reuniões secretas para articular sua vitória no Colégio Eleitoral, e precisava driblar os jornalistas: com Ulysses Guimarães, marcou encontro com dois governadores na casa de um amigo no Lago Sul, em Brasília. Passou pelos repórteres apressado:
- Ulysses e eu arranjamos umas namoradas e vamos encontrá-las.
- É mesmo? Aonde é o encontro? – perguntou uma repórter, sorrindo.
- Na QL 8 do Lago Sul.
Ninguém acreditou, mas também não seguiu a dupla. Que se dirigiu tranqüilamente para a reunião com os governadores. Na QL 8 do Lago.
POUCA VERGONHA NO CAMPO
O ex-ministro da Agricultura Antonio Andrade gosta de viver perigosamente. Diante da presidenta Dilma Rousseff, no lançamento do Plano Safra, certa vez, ele se saiu com esta, discursando:
- Temos agora nas plantações uma lagarta indecente, que, depois de comer a soja e o algodão, comem umas às outras...
Madame fechou a cara e fez um bico, afagando a caneta, com toda pinta de quem ia demiti-lo. Mas não o fez.
ERA SÓ UM GAROTÃO
Para quem achava que aos 86 anos o deputado Miguel Arraes (PSB-PE) já deveria estar aposentado, ele sempre recordava o dia em que tentaram convencê-lo a não se candidatar a governador em 1993, aos 77 anos. Arraes respondeu:
- Vou pensar sobre isso. Mas só tomo a decisão depois...
- Depois de quê, deputado?
- ...depois de falar com a minha mãe.
UMA BRIGA DE MEIO SÉCULO
A briga de Paulo Maluf com Mário Covas, em São Paulo, durou mais de meio século. Começou numa eleição para o diretório acadêmico da Escola Politécnica de Engenharia. Covas ganhou, mas firmou a convicção de que Maluf usa e abusa do poder econômico: ele distribuiu canetas Parker 100 entre os eleitores. Maluf guarda os boletins escolares dos dois, só para mostrar que sempre foi melhor aluno que o adversário. E quando se recorda do assunto, sempre lembra com bom humor:
- Só faltou o Covas dizer que eu superfaturava os boletins...
PACIÊNCIA TEM LIMITE
Na disputa do governo de São Paulo com Ademar de Barros, o do “rouba, mas faz”, Jânio Quadro exibia um rato morto nos palanques, comprando-o ao adversário. Ademar engolia calado: sua mulher, muito religiosa, pedia para ele não ceder à baixaria. Mas um dia Ademar perdeu a paciência. Ao ser anunciado num comício, saudou a todos polidamente, voltou-se para esposa, pediu-lhe licença, beijou um terço e, vermelho de raiva, explodiu:
- Esse Jânio é um filho da p(*)! Mais que isso, é um…
...e xingou o adversário com todos os palavrões que aprendeu na vida.
COMO RECONHECER AMIN
Chegando a Florianópolis para assumir a chefia da sucursal do jornal Gazeta Mercantil, o jornalista Valério Fabres telefonou ao solícito Esperidião Amin, então governador catarinense e na época o careca mais famoso do Brasil. Marcaram encontro num restaurante:
- Precisamos combinar um meio de nos reconhecermos... – sugeriu Fabres.
Antes que percebesse a bobagem que acabara de dizer, Amin tripudiou:
- Não se preocupe, eu não vou de peruca.

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