18 de mar. de 2016

Enfermeiros denunciam caos da saúde em audiência pública na Câmara Municipal de Parnaíba.

Com uma presença considerável da classe da enfermagem, foi realizada na manhã desta quinta-feira (17), audiência pública para debater o caos no Hospital Dirceu Arcoverde e em alguns postos de saúde de Parnaíba.


A audiência foi solicitada pelos enfermeiros do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde – HEDA, que reivindicam melhores condições de trabalho desde o segundo semestre de 2015.

Participaram da audiência, alguns enfermeiros do HEDA e de outras unidades de saúde de Parnaíba, representantes da Secretaria Municipal de Saúde (Socorro Candeira), Secretaria Estadual de Saúde (Dr. Alípio), Ministério Público (Dr. Eliaquim Nunes), Ordem dos Advogados do Brasil (Dr. José Lima), além de cinco (05) vereadores (Ricardo Veras, Neta Castelo Branco, Carlson Pessoa, Diniz e Ronaldo Prado).


O primeiro a se manifestar foi João Sérgio, presidente do SENATEPI e proponente da audiência pública, representando o movimento grevista. Sérgio iniciou sua fala lamentando a ausência de autoridades para debater o tema. O presidente do SENATEPI afirmou que toda a problemática do Hospital Dirceu tem início na falta de estrutura da Atenção Básica de Saúde (Postos de Saúde), pois há apenas 50% da estrutura funcionando, afastamento em janeiro dos prestadores de serviço deixando diversas unidades de saúde sem funcionamento, salas de vacina sem profissionais capacitados, alertando inclusive que em alguns postos nem existem salas de vacinas.


Ainda em sua fala, João Sérgio afirma que o sistema de saúde público em Parnaíba, está sendo lesado com a transferência de recursos que poderiam ser utilizados na rede pública, para a rede privada ou filantrópica ou mesmo até com a duplicidade de internação de pacientes, muitas vezes registrados como internados em duas unidades de saúde ao mesmo tempo (leia-se na mesma data e na mesma hora).

Representante do MP, Dr. Eliaquim Nunes e Enfermeira do HEDA Kelly Teles

“Tem dias no hospital que nós não temos luvas de procedimento, que é o equipamento de proteção mais necessário para qualquer procedimento que você vá fazer... isso é um perigo para a saúde do profissional e da população... todo mundo diz que ta tudo bem, ta tudo maravilhoso e nós que trabalhamos lá sabemos que não está, que não é verdade... gostaria de pedir que as blitz fossem feitas de surpresa, porque quando é falado, é avisado, a maquiagem é feita, e aí quando chega lá a comissão ta tudo bonitinho, tudo funcionando bem, tudo a contento, e a gente sabe que no dia a dia não é assim”. Relatou a enfermeira Kelly da Silva Costa Teles, lotada no setor de cirurgia do HEDA

Técnica de enfermagem do HEDA, Mônica Silva (à direita)

“Eu queria que fizéssemos uma reflexão... nós quando tivéssemos um problema de saúde, se gostaríamos de estar jogados em macas num corredor, se nós gostaríamos de não ser atendidos com luvas de procedimento, com EPI, nós gostaríamos de ser massacrados por alguns médicos aguardando avaliação de um médico cirurgião para fazer algum procedimento e que isso custasse a vida de algum parente nosso? A resposta é não! Falo como profissional e como Mônica, nós nascemos e crescemos aqui... e não vamos desistir por qualquer problema. ” Desabafou Mônica Silva, Técnica em enfermagem do HEDA

Representante do Ministério Público, Dr. Eliaquim Nunes

“Nos preocupa aqui, ver que as reivindicações são de coisas mínimas, o básico para se desempenhar um bom trabalho, eu acho que os profissionais estão aqui reivindicando o básico, e a saúde ela é essencial, e se eles não tiverem o mínimo para desenvolver o seu trabalho, a população adoece, e se a população adoecer, o Estado não produz. Então é um problema sério, e quero aqui dizer que o Ministério Público se compromete a acompanhar de perto essa questão.” Garantiu o representante do Ministério Público Eliaquim Nunes

Presidente do SENATEPI João Sério e Presidente da Seccional da OAB em Parnaíba, Dr. José Lima

“O que nós ouvimos aqui me deixou assustado, é uma situação caótica, eu não imaginava que estava desse jeito, nessa situação, e a gente conclama que os representantes formalizem o pedido para que a Ordem dos Advogados, também possa acompanhar o Ministério Público, para que a gente possa tentar ao menos, minimizar os problemas que afligem no caso, a saúde de Parnaíba”. Relatou o presidente da OAB Seccional de Parnaíba, Advogado José Lima.

Vereador Carlson Pessoa, mesmo com problemas de saúde compareceu a audiência

Durante a audiência, uma das oradoras denunciou “perseguição” por parte da Prefeitura Municipal de Parnaíba e lamentou que essa perseguição impedira a presença de muitos outros profissionais de saúde que gostariam de denunciar, mas temem perder seus empregos. Questionado sobre isso, o presidente do SENATEPI João Sérgio, disse que irá averiguar a denúncia.


Ao final de mais de 3 horas de audiência ficou acordado a participação do Ministério Público, OAB na intensificação das blitzen nos hospitais e postos de saúde de Parnaíba. Além de todo o suporte necessário das duas entidades na busca por soluções para os problemas dos centros de saúde parnaibanos.

Dr. Alípio, Diretor Geral do Hospital Dirceu Arcoverde - HEDA


Vereadora Neta Castelo Branco, que lutou para instalação do COREN em Parnaíba, também compareceu à audiência.

Representante da Secretaria de Saúde do Município, Sra. Socorro Candeira

Por: Bruno Santana / Edição: Tribuna de Parnaíba.com

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