Na última sexta-feira (26/02), por volta das 19:00, a aposentada Raimunda Paula de Moura (75 anos), deu entrada no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), sentindo-se mal e com dificuldades para falar e andar. Mesmo trêmula e sentindo tonturas, a idosa foi colocada em uma cadeira no corredor do hospital, pois não havia leito disponível na enfermaria e todas as macas estavam ocupadas com pacientes espalhados pelos corredores.
Por volta da meia noite, um paciente da “Sala Extra” (uma sala improvisada em frente ao posto de saúde), veio a óbito e dona Raimunda foi levada para o local. No entanto, lá ela foi colocada em uma maca, coberta apenas por um colchonete fino e um lençol. Além do desconforto físico, a idosa também passou sofrer constrangimento emocional por ter que dividir a sala com dois pacientes homens. A gota d’água aconteceu ontem à tarde (29/02) quando, enquanto dona Raimunda lanchava, um dos pacientes levantou da maca, desceu a bermuda e fez xixi em um pinico, ali mesmo na sala, na frente da idosa. Constrangida, nervosa e não aguentando o mau cheiro, apesar de tonta ela pediu para ser colocada numa cadeira no corredor do hospital. Revoltada, a família da paciente procurou a assistente social do Heda e pediu que a colocassem na enfermaria feminina ou então que a transferissem de hospital.
Após um jogo de empurra-empurra, o neurologista que atendia no momento, orientou a família a esperar o dia amanhecer, pois um outro neurologista que havia medicado a idosa anteriormente e que atendia pelo SUS no Hospital Santa Edwiges poderia autorizar a transferência dela para lá. Entretanto, por volta das 20:30, dona Raimunda foi inesperadamente transferida para a Santa Casa de Misericórdia de Parnaíba. Quando uma das filhas da paciente questionou o procedimento, foi informada de que estava tudo normal e que na nova unidade de saúde a mãe dela seria acompanhada por um especialista. Porém, ao chegarem na Santa Casa, disseram que lá não havia neurologista e que o hospital não fazia transferência para o Santa Edwiges.
Como na Santa Casa ela estava sem o acompanhamento de um neurologista para cuidar do seu caso, a enfermeira que os atendeu sugeriu que a família assinasse um termo de responsabilidade autorizando a retirada da idosa do hospital. “Minha mãe é uma senhora idosa, doente e teve que passar por todo tipo de constrangimento, o que a deixou mais debilitada ainda. Ela está deprimida com toda essa situação, chora o tempo todo. É muita desumanidade. Estamos lutando para que nossa mãe tenha direito a um atendimento de saúde digno, mas não estamos conseguindo”, protestou o filho da paciente, Francisco das Chagas.
Ao tomar conhecimento do caso, o vereador Carlson Pessoa entrou em contato com a direção da Santa Casa, que encaminhou dona Raimunda para fazer uma tomografia na clínica Diagnóstico. Agora a família aguarda por uma nova posição do SUS sobre a internação e acompanhamento especializado da idosa.
Por Luzia Paula
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