19 de jan. de 2016

Trânsito parnaibano: a falta de respeito, de gentileza e educação! (*)

Há algo errado no paraíso! No livro de problemas da cidade de Parnaíba sem o efetivo enfrentamento, o trânsito ganha capítulo de destaque pela desorganização e crescente índice de violência.
O caos já se anuncia em determinados pontos da cidade. Trafegar em horário de pico já é um transtorno! Certamente provocado pelos motoristas, motociclistas, ciclista e pedestres sem educação, sem gentileza e sem empatia pelo próximo, bem como pela quase plena falta de informações e o devido cumprimento do nosso rigoroso Código de Trânsito Brasileiro - CTB.
O fenômeno que experimentamos é o mesmo que redundou no caos do trânsito em cidades de porte médio como a nossa: devido ao péssimo serviço de transporte coletivo oferecido à população muitas pessoas adotam o veículo próprio. Com a entrada mensal em circulação de centenas de novos carros e motos, vai se moldando uma “engenharia de tráfego” como que por gravidade. Não há planejamento!
Comprovação possível a partir desde observações mais banais. Injustificáveis são os retornos ainda existentes na Avenida São Sebastião, especialmente os mais próximos do semáforo do cruzamento com a Avenida Chagas Rodrigues. Em qualquer cidade minimamente organizada não se mantém retorno em avenida de grande circulação, projeta-se uma “alça” à direita com retomada à outra faixa através de um semáforo que corta a mesma avenida. É simples, disciplina o trânsito e evita acidentes.
Outra observação curiosa é a velocidade estabelecida para a Avenida Pinheiro Machado, no trecho entre o Mirante e a Rodoviária. A Prefeitura Municipal definiu num determinado ponto o limite de 50 km, logo adiante 40 km e mais à frente 60 km. Uma vez instalado o sensor nessa área, fatalmente vai se ter um bom faturamento mensal de multas. Injustificável e despropositada medida! Como pode um percurso tão pequeno ter tantas alterações de limite de velocidade? Se a ideia é reduzi-la por que não unificá-la?
Os motoristas dividem-se em dois grupos: uns que precisam redobrar as suas atenções para evitar possíveis acidentes e outros leigos e desavisados simplesmente invadem as faixas, cruzam os sinais vermelhos, estacionam em locais proibidos e por aí vai. O primeiro grupo é infinitamente menor!
A gentileza e a empatia (virtudes nobres que uma grande maioria dos condutores de veículos, ciclistas e pedestres não possuem) precisam ser trabalhadas numa campanha de sensibilização de caráter contínuo. Entendendo como ação educativa permanente, um programa pensado a partir das escolas e não apenas um panfleto jogado nos sinais esporadicamente...
Os acidentes de motos, de carro e atropelamentos são a principal causa de morte e lesões às pessoas. Registros do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde - HEDA apontam que cresce o índice de pacientes que dão entrada com poli trauma, ou seja, com fratura e o comprometimento de outro órgão; com mais de uma fratura e de pacientes com fraturas mais complexas.  O que geram gastos para o estado e uma série de problemas para os pacientes até a sua recuperação total, isso quando não ficam com sequelas permanentes. Há de se registrar aqui a eficiência e a dedicação do corpo de resgate do SAMU que tem permitido que muitos casos tenham melhor desfecho a partir do correto atendimento inicial.
Os traumas recorrentes na maioria são causados pelos acidentes com motociclistas. Aqui se registra a ineficiência do poder público. Estima-se que cerca de 50% das motocicletas que circulam pela cidade têm algum tipo de irregularidade, seja do próprio veículo ou do condutor. Ou seja, poder-se-ia retirar de imediato a metade das motos de circulação das nossas ruas, o que aliviaria o trânsito. Mas quem se atreve? O Governo do Estado? O Governo Municipal? Nenhum. Principalmente em ano eleitoral!
Enquanto isso o HEDA é cobrado para dar conta da infindável lista de atendimentos de traumas e lesões em motociclistas que diariamente dão entrada lá. O Detran e a Guarda Municipal estão atentos a pequenas infrações, daquelas fáceis de acompanhar, para aumentar a arrecadação dos cofres públicos. Deveriam utilizar parte das verbas que arrecadam todos os anos, em campanhas educativas sobre o CTB.
Importante lembrar que o CTB não é exclusivo para motoristas e motociclistas, traz regras de convivência e respeito para todos que circulam pela cidade, inclusive para os ciclistas e pedestres que, os órgãos de fiscalização negligenciam ações de reprimenda. A exemplo: os usuários da ciclo faixa implantada recentemente na Avenida São Sebastião deve merecer orientações lembrando-os para o cumprimento das normas estabelecidas, ou seja, o ciclista deve andar tão somente pela sua faixa.
Outro gargalo a ser trabalhado é a mania de grande parte dos motoristas que insistem em trafegar lentamente pela faixa da esquerda, é preciso orientá-los que o correto é andar pela direita. A faixa esquerda é para velocidade maior e ultrapassagens. Mas quem vai fazer isso?
O veículo não anda sozinho. São pessoas que o conduz. Por que não humanizar o trânsito?! Bem que a Prefeitura de Parnaíba, uma vez que ele está municipalizado, deveria empreender campanhas de informações, de paz e de solidariedade para a melhoria do nosso trânsito, pois a cidade contribui com as estatísticas que colocam o nosso país, neste quesito, como um dos mais violentos do mundo!!!

(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.

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