Por: Benedito Gomes (*)
B. Gomes |
Dizem que quando a gente vai ficando velho são dois os principais sintomas que aparecem. O primeiro, a gente fica esquecido. O segundo... (eu não lembro no momento).
O que me lembro, é que desembarquei aqui em fevereiro de 1966, vindo em um ônibus da empresa “BOM SÓ DEUS” do senhor Joãozinho, guiado pelo jovem Antônio Prado de Aguiar e auxiliado pelo Nonatão. Depois nos tornamos bons amigos aqui em Parnaíba.
O ônibus era aqueles de sete bancos, com seis pessoas em cada. Como o número de passageiros era maior do que a oferta o senhor Nonato colocava sete em cada banco. Pense numa viagem boa! O importante é que aqui cheguei, com um saco nas costas, e fui morar na casa do meu irmão Luís Gomes, o “seu Luís das redes”, como muita gente chama. Vim para estudar, fazer o cientifico. Em Brejo, no Maranhão, estudei no grupo escolar Cândido Mendes e no ginásio Brejense da CNEG( Campanha Nacional de Educandário Gratuito). Aqui iniciei no velho Grupo Escolar Miranda Osório, ainda na Avenida Presidente Vargas. Em 1968 mudei para a União Caixeiral para cursar contabilidade.
Foi lá, na Caixeiral, que conheci o Sr. Audir Anunciação Sousa e outros jovens da época. Havia na ocasião muitos estudantes de outras cidades que, assim como eu, moravam em casas de parentes. E outros nem tinham onde morar. Foi aí que o senhor Audir teve a ideia de fundar a casa do estudante de Parnaíba, lógico, destinada aos estudantes pobres que vinham pra cá estudar. Com a ideia formada, o Audir, Benedito Gomes e outros três ou quatro amigos, alugamos uma casa do Sr. Simeão Apolinário, na Rua Conde D`Eu n° 540 e fundamos a Casa do Estudante de Parnaíba.
Só com a cara, a coragem e um monte de boas ideias na cabeça. Pedimos ajuda em Parnaíba, Luís Correia, Buriti dos Lopes, Luzilândia, Araioses e Tutoia. Estas cidades tinham jovens estudando em Parnaíba, em situação fragilizada. Conseguimos pratos, panelas, colheres, colchões, redes e, com o pouco de dinheiro que tínhamos, compramos uns tamboretes, material de limpeza e algo mais. Montamos tudo e inauguramos a casa. Lembro-me bem que na inauguração compareceram estudantes, professores, pessoas amigas e o Capitão Camelo, subcomandante do Batalhão Major Osmar (2º BPM)..
Dos estudantes que foram hóspedes, logo nos primeiros dias, lembro-me de José Carlos, Wallace e José Roberto. Este último, anos depois, foi eleito deputado estadual pelo Maranhão. Na entrega do titulo de Cidadão Parnaibano ao saudoso jornalista maranhense Rubem Freitas o deputado José Roberto estava presente e me reconheceu. Ele então fez em publico um agradecimento àqueles que fundaram a casa do estudante, pois sem ela ele não teria condição naquela época de estudar em Parnaíba.
Chegamos a ter 15 estudantes morando e mantidos naquela casa que fundamos; O tempo foi passando, outros jovens assumiram a administração da casa, saímos da área estudantil, perdemos o contato e hoje não sei o que é feito da casa do estudante. Se você em 1969 estava ao meu lado, do Sr. Audir e dos demais companheiros fundadores, me procure, vamos bater um papo, vale à pena! Você que acabou de ler este texto, acha que fiz muito pelo estudante parnaibano? Não, não fiz. Apenas ajudei.
(*) Benedito Gomes -
Contador (UFPI)
Contador (UFPI)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa postagem
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.