25 de nov. de 2015

Kite Escola: inclusão social através da prática de esporte

"Conheci Barra Grande, me apaixonei, resolvi ficar e ajudar essa criançada", foi com esse pensamento que a meio goiana e meio espanhola Isabel Lupianez montou, há três anos, o Projeto Vivo, que abriga a Kite Escola Paraíso.
 
Conhecendo Barra Grande

Bosco é natural de Parnaíba e cresceu passando suas férias na casa dos seus avós em Barra Grande. Foi em uma viagem a Espanha que conheceu Isabel e resolveu apresentá-la ao submunicípio de Cajueiro da Praia. "Ela começou a organizar tudo. Aí montamos esse espaço. Tiramos as crianças da rua e trouxemos para cá", lembra Bosco.

Isabel veio de uma família grande de doze irmãos e isso, segundo ela, a fez gostar muito de crianças. Quando chegou em Barra Grande percebeu a grande necessidade de um trabalho com as crianças locais, de tirá-las das ruas e resolveu educá-las através do esporte.



A prática do kite surf é uma espécie de "prêmio" por bons resultados na escola e bom comportamento. Além do kite, as crianças aprendem a conviver bem com o meio ambiente, limpando a praia e através da compreensão que é possível reciclar os equipamentos para a prática do esporte. "Aqui fazemos reparação do equipamento através da reciclagem. Assim, trabalhamos esse lado ecológico deles e também diminuímos custos porque um kite custa em média R$ 8 mil. As crianças daqui não têm esse dinheiro", conta Isabel.

As aulas de kite acontecem nas férias de junho e janeiro. As crianças ficam um mês todo treinando no mar, menos aos domingos, já que o mesmo é um esporte radical e nesse dia costuma ter muitos banhistas.



O reparo dos kites também é a forma de sustento de Isabel e Bosco, além das aulas de kite dada em quatro idiomas para atender a demanda de turistas estrangeiros. Uma parte dessa renda é investida no projeto. O Projeto Vivo tem sonho de ser ampliado e oferecer as crianças a prática de outros esportes.
 
Cobranças, educação e inclusão

Isabel se diz bem dura com os meninos quando o assunto é educação. "Eu vou nas escolas e tiro foto dos boletins deles". Se o desempenho escolar da criança é satisfatório, isso reflete também dentro do Projeto. "No último campeonato ganhamos um kite novo. Quem usa ele é uma das nossas crianças que tem o melhor desempenho na escola", completa.



O projeto trabalha com crianças de grande vulnerabilidade social. Um dos alunos tem esquizofrenia e é assistido pelo Projeto e auxiliado por Bosco e Isabel também quando não está na Kite Escola. Um outro aluno foi encaminhado pelo Projeto para tirar o seu sustendo do esporte. "O Assis hoje tem 19 anos. Não queria estudar de forma alguma, então nós pagamos um curso para ele e ele auxilia o Bosco no reparo dos equipamentos", conta Isabel.
 
Choro e Jazz

Os meninos do Projeto participaram de uma oficina de música no Festival Choro e Jazz que aconteceu no período de 12 a 14 de novembro. Durante esses dias, a criançada aprendeu um pouco sobre música e realizaram uma apresentação no último dia do evento.



Campeonatos

O Projeto Vivo já vem participando de alguns campeonatos e já possui uma promessa de campeão. O próximo campeonato internacional acontece na Espanha, o projeto pretende levar três crianças para a competição, uma delas é o Manoel, principal aposta de Isabel. O garoto é órfão de mãe e tem o pai ausente.

"Estou treinando muito porque ainda tenho umas coisas para melhorar", observa Manoel, kite surfista de apenas 15 anos. "Participei do último campeonato e passei por quatro etapas. Fui para o Coqueiro, São Luis e Natal".



No último campeonato brasileiro, além de Manoel, o Projeto também conseguiu levar outras 19 crianças. Para isso foi criada uma campanha de apadrinhamento onde cada criança foi "adotada" e teve sua ida custeada. "Aqui nós não temos muito apoio, então vou batendo de porta em porta pedindo apoio da galera. Na campanha de apadrinhamento apareceram mais padrinhos do que crianças. Me ligavam perguntando se ainda tinha como ajudar. A prefeitura contribuiu com um ônibus, mas foi só no primeiro dia de campeonato, nos outros dias conseguimos a doação anônima de um ônibus para levar eles", lembra Isabel.
 
Isabel conta que em breve terá uma reunião com o governador do estado, Wellington Dias, para conseguir apoio para a sua ONG.


Capital Teresina

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