Por:Benedito Gomes(*)
Nos últimos anos vimos nossos governadores, deputados, diretores de empresas públicas, e empresários, fazerem diversas viagens ao exterior com promessas de trazerem para o Piauí grandes empresas que aqui seriam instaladas e que gerariam milhares de empregos. A “estória” é que viriam para Parnaíba, atraídos pelas empresas da ZPE (Zona de Processamento de Exportação), onde produziriam em larga escala e exportariam para o mundo.
Eles visitaram Portugal, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Alemanha, Coréia do Sul, China e outros países. E aí não custa perguntar: será que um grande empresário sai lá do outro lado do mundo para investir milhões de reais no Piauí? Um Estado onde temos péssimas estradas (com exceção da BR-343); energia quase apagada, juros exorbitante... Estes grandes empreendedores trabalham lá com energia farta, mão de obra especializada, dinheiro barato, juros quase zero. Alguém sairá de Moscou, na Rússia, para o Piauí? No máximo o que poderá ocorrer é só a presença de alguém vindo de Russas, no Ceará.
Nossa bela e querida Parnaíba é comercial, cultural, residencial, amada por todos, mas, infelizmente, não temos o que exportar. Já se olharmos pelo lado inverso, quase tudo o que temos é importado . Vejamos: no item alimentação chega a quase 95%. Carnes bovina e suína, aves, vêm de Goiás, do Maranhão, de Mato Grosso, Santa Catarina e de outros Estados. Peixes de água doce, importamos do Ceará, Pernambuco e Maranhão. Os de água salgada, idem e idem. Frutas como melão, melancias, mamão, bananas, laranjas e outras, são adquiridas no Ceasa, em Teresina, que já são importadas de São Paulo e parte dos Municípios de Mossoró, Baraúna e Serra do Mel, no Rio Grande do Norte.
Da Ceasa de Tianguá, no Ceará, importamos bananas, abacate, maracujá, cenoura, beterraba, alface, pimentão, maxixe, quiabo, cebola em folha, coentro, couve, couve-flor, brócolis, pimenta de cheiro, batata doce, pepino, rapadura e muito mais. Nos produtos de prateleiras dos supermercados o grau de importados chega a quase 100%. Se alguém tem dúvida, que pesquise. Enfim, o Piauí não produz nem 10% do que consumimos. Para quê então uma ZPE?
Acredito que estamos precisando muito mais de uma ZPI- Zona de Processamento de Importados. Assim como a ZPE geraria 5 (cinco) ou 6 (seis) empregos. E mesmo ela não sendo tão útil, certamente seria mais compatível com o comércio que possuímos.
(*) Benedito Gomes- Contador (UFPI)
Blog do Bsilva
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