Chegou em cima da hora e não comprou ingresso antecipado outra vez, né torcedor? Dessa vez entrei no Albertão como qualquer pessoa. Cheguei uma hora antes do apito inicial e passei 20 minutos na fila só para entrar no estádio, no setor de arquibancadas das cabines de imprensa. O jogo começou e ainda tinha muita gente chegando.
Muita gente. Mais de 20 mil pessoas de todas as idades. Muitos pais e mães com seus filhos, alguns ainda de colo. Os garotos terão muita coisa para contar na escola segunda-feira.
Vão dizer "caramba, tu perdeu o jogo". Irão falar de Fabinho e Eduardo, os nomes do River na partida. Lembrarão de Léo Olinda, que entrou no segundo tempo, mas o chamando de "Ronaldinho Gaúcho", por conta do cabelo comprido. Ou porque os jogo era contra gaúchos. Vai saber...
As crianças viram bandeiras do Piauí usadas como manto. Bandeiras do River de todos os tamanhos. Uma delas empunhada por um torcedor com a camisa do Flamengo carioca. Ele pediu para fazer a foto e bateu no peito para dizer: "aqui é pelo Piauí".
Vocês pensam que é fácil escrever essas coisas. Isso emociona, rapaz. Em 2025 a gente conversa para vocês verem que o impacto desse momento no futebol, no esporte e na vida do piauiense vai ser muito maior do que a gente imagina.
A banda executou o Hino Nacional, cumprindo lei estadual. Mas se tocasse em seguida o Hino do Piauí, o estádio viria abaixo - não que eu queira que o Albertão desabe, mas fica a dica.
A torcida tratou de deixar claro que a casa não era dos gaúchos e criaram um ambiente um tanto hostil. Já bastasse o clima, que para nós estava até bom, os jogadores do Ypiranga ouviram vaias ao entrarem em campo. Normal. Depois alguns começaram o coro com gritos de "gaúcho, viado" e achavam vantagem nisso. O goleiro adversário cobrava tiro de meta e sempre tinha de ouvir o coro de "bicha" nos chutes. Tipo de provocação boba que, me desculpem, não merece repetição, e só servirá de munição, para deixar invocado o Ypiranga e fazer o time vir ainda mais forte no jogo de volta. Além do mais, reclamamos muito quando somos chamados de "Paraíba" no Sul para recebermos um time de fora e fazer algo parecido.
Alguns torcedores também se empolgaram na comemoração. Copos e latas com bebidas voaram em direção ao gramado após o primeiro gol . E o gaiato do laser atacou novamente. Pessoal não entende que isso pode tirar o mando de campo do River para uma eventual final da Série D.
Salvo essas observações, a torcida deu show.
Dentro de campo, o Ypiranga fez valer meu comentário de sexta-feira (23), quando disse que o novo adversário do River não é o Lajeadense. O jogo foi mais difícil do que o placar possa sugerir. Marcação forte, velocidade na saída de bola. Não subiram para a Série C por acaso.
Se nas quartas-de-final o River fez praticamente um jogo de um time só, dessa vez sofreu muita pressão do adversário. Até uma bola na trave no segundo tempo eles acertaram. Mas o River também fez isso na primeira etapa.
O dia não era para jogo aéreo tricolor. A bola tinha mesmo de ser tocada de pé em pé, mas até assim estava difícil. A defesa gaúcha limitava as ações de Fabinho quando este recebia para finalizar. O jogo mudou quando ele passou a servir.
Da esquerda, de onde vinham as principais jogadas do River no primeiro tempo, Fabinho recebeu o lançamento e cruzou. A zaga do Ypiranga quase fez contra, mas o goleiro espalmou. O problema é que Eduardo fez o que mais sabe fazer: aparecer no lugar certo na hora certa. Começava ali a noite da dupla: 1 a 0.
O River se segurou muito. Naylson voava alto, sempre seguro nos cruzamentos. O Ypiranga fez por merecer um gol e por pouco não empatou. Foi uma boa partida de futebol, porque o River também avançava. Mas a grande área gaúcha, congestionada, tinha sempre alguém para impedir o gol.
Acho que Flávio Araújo até demorou para por Lucas Bacelar em campo. O garoto jogou pouco mais de 10 minutos. A partida estava propícia para homens como ele, de boa presença na área adversária. Tanto que ele quase marca assim que tocou na bola pela primeira vez.
O time tricolor foi premiado pela persistência. O lance do segundo gol é a prova disso. A conclusão da jogada não é boa, mas a bola acaba sobrando para o River. E lá na esquerda estava Fabinho. E na pequena área estava Eduardo, no lugar certo, na hora certa.
No meu canto na arquibancada, senti que o gol estava por vir. O famoso momento que você diz que o gol está maduro. Pensei: rapaz, eu vou começar a filmar, porque vai já sair um gol aqui. E no final da partida, foi o que aconteceu.
Ta aí, os atacantes. Houve quem dissesse durante a Série D que era preciso demitir todos do setor e contratar outros. Que o treinador deveria ir junto também. Agora todos estão comemorando. Assim é o futebol.
E o título da crônica de hoje é um recomeço da nossa contagem regressiva por culpa da torcida. No apito final, o Albertão cantava "o campeão voltou". A vantagem do River não é tão elástica quanto nas quartas-de-final, quando o Galo ganhou por 3 a 0 do Lajeadense no jogo de ida. Mas o 2 a 0 não é pouca coisa.
No próximo sábado, o River jogará em Erechim (RS). Se perder por 1 a 0, estará na final da Série D. Se perder por 2 a 0, decisão nos pênaltis. E se o Galo marcar um gol em solo gaúcho, forçará os donos da casa a fazer quatro. Três ou mais gols de diferença, dá Ypiranga.
Aqui no blog nós fizemos a contagem regressiva para o acesso. A atuação do River não foi tão brilhante como no jogo de ida com o Lajeadense, mas o Galo se portou bem contra um adversário que foi nitidamente mais forte, mais agressivo e muito mais perigoso. O time piauiense se impôs. Deu suas credenciais de que quer mesmo essa taça. A torcida confia no título. Parece já ter sentido mesmo que a chance é real. O River tem time para encarar qualquer adversário.
Fonte: Cidadeverde
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa postagem
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.