O Centro Cultural João Paulo dos Reis Velloso – SESC Caixeiral recebe a partir desta sexta-feira até o dia 30 de setembro a sua primeira exposição de artes plásticas. Os cachorros esculpidos em galhos da árvore conhecida por catanduva, do mestre Francisco Ribeiro, apresentados sob o exercício poético do artista audiovisual Danilo Carvalho.
A coordenadora de Cultura Livramento Machado disse que a descoberta do mestre Francisco Ribeiro veio após o convite para que o pesquisador de arte contemporânea, Guga Carvalho, montasse uma exposição que destacasse o potencial dos artistas locais.
“O olhar apurado do curador reconheceu o que muitos não viam: um idoso que há muitos anos faz uns cachorrinhos magros de madeira e os vende na praça da Graça e no Porto das Barcas, na verdade se constitui num dos maiores patrimônios artísticos do Piauí”, comenta Livramento.
Foi com esse trabalho feito no quintal de casa que o artesão criou sua família. “Talvez nem o próprio mestre Francisco imaginasse que sua arte pudesse se expandir para o grande público”, diz a coordenadora de cultura.
Mestre Francisco faz a construção de seu trabalho de uma forma diferente. “Ele percebe a maneira do galho. O cachorro é construído a partir do fluxo do galho”, destaca Guga Carvalho, ao explicar que esse tipo de percepção era mais desenvolvido nas culturas ancestrais. “O que a gente vê na história da arte ocidental é o oposto: desde o Renascimento pra os dias atuais há uma constante racionalização”.
Para apresentar a obra de mestre Francisco ao público, Guga Carvalho convidou Danilo Carvalho criador de cinema experimental, com trabalhos exibidos em grandes circuitos culturais no Brasil. Durante seis meses, Danilo Carvalho acompanhou a produção das peças de mestre Francisco, desde o corte dos galhos na mata, a secagem, a produção e a passagem da arte do mestre para seus filhos. Com as informações Danilo, criou uma atmosfera com vídeos e sonoridade de objetos, onde os cachorros são apresentados.
Entre vídeos e instalações, o produtor de cinema não se limitou apenas a fazer um documentário sobre Mestre Francisco, mas uma instalação poética com várias imagens audiovisuais em super 8, reveladas em Nova York, nos Estados Unidos. O cuidado estético tem como finalidade destacar a arte ímpar daquele que é considerado um dos mais importantes artistas do Piauí.
“A obra de Mestre Francisco, do ponto de vista formal é de um design super contemporâneo. É o trabalho mais instigante que já ajudei a produzir. É um patrimônio para a Cultura do estado do Piauí”, diz Guga Carvalho.
A exposição Catandub(v)a é pautada no trabalho que o Sesc iniciou em 2014, com projetos que promovem um novo olhar das obras contemporâneas e dos artistas locais, como aconteceu com o Marquise e a exposição da obra do artista João Borges, iniciado pela pesquisadora de artes plásticas e visuais, Marina Medeiros.
Segundo o curador, Guga Carvalho, nesse exercício poético, o artista audiovisual Danilo Carvalho se lança numa sutil e inteligente aproximação rumo ao universo de percepções de mestre Francisco Ribeiro.
Fonte: Blog do Bsilva
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