27 de ago. de 2015

Homem vende cachaça à base de cobra, escorpião e aranha na Bahia

Inspirado no avô, Djalma Carneiro Batista, de 44 anos, abriu um bar no Mercado Municipal de Serrinha, a 200 quilômetros de Salvador, no nordeste da Bahia. Tradicionais nos botequins, as cervejas e espetos de churrasco integram o cardápio do espaço, mas estão longe de serem os itens mais procurados. Em garrafas de vidro ou de plástico, cachaças mantidas com cobras, aranhas e escorpiões são os aperitivos que mais fazem sucesso.
“Tem gente que diz que bebe e fica curado de doenças. Tem gente que diz que é afrodisíaco. Só sei que o povo gosta”, detalha ‘Djalma das Cobras’, como é conhecido entre moradores e clientes. O comerciante tem variedade. Além de serpentes como salamanta, coral, corre-campo, malha de traíra, jiboia e pipó, também mantém mergulhados na cachaça aranha caranguejeira, escorpião, teiú e calango verde.
Djalma conta que a maioria dos animais foi herdada do avô, que também embebia os bichos em cachaça e vendia para os clientes. “Esses animais eu usei mais do meu avô. Ele tinha uma budega no bairro do Bomba e eu trouxe [os frascos com os] animais para cá. A maioria tem uns 55 anos. Outros devem ter uns 35”, estima.
O avô de Djalma morreu pouco após a abertura do bar do neto, há quase 30 anos. Os animais caçados por ele, entretanto, ainda dão sabor às bebidas daqueles que apreciam cachaça no município. “Costumam dar um gosto de peixe”, detalha sobre a mistura do álcool com os bichos. “Até hoje, nunca ninguém reclamou ou se sentiu mal. Isso eu garanto”, completa.
O médico e toxicologista Daniel Rebouças, diretor do Centro Antiveneno da Bahia (Ciave), informa que as pessoas que consomem bebidas à base dos animais citados não correm risco de envenenamento. Entretanto, podem ser acometidos de infecção gastrointestinal. "O álcool neutraliza [o veneno], mas o animal pode estar apodrecido e transmitir alguma contaminação", detalha.
Em caso de contaminação, Rebouças detalha que a pessoa que ingere a bebida pode sentir dor abdominal, diarréia, mal estar e febre. "O efeito pode ser maléfico", garante. Além dos riscos, o toxicologista afirma que esse tipo venda é ilegal. "Não é permitida essa comercialização no país e isso deve ser fiscalizado pela Vigilância Sanitária", afirma.
Casado e pai de quatro filhos, 'Djalma das Cobras' diz que é chamado de doido pela esposa. Entretanto, diz que tem amor pelo comércio que mantém há quase três décadas. “Meu filho até me ajuda. É o seguinte: quem bebe fica impressionado. Enquanto estiver dando certo, vou continuar [com o negócio]”, promete.
Fonte: G1

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