Pra o Brasil estar no
mesmo ônibus sem freios e com os pneus carecas, descendo uma grande ribanceira
ali na serra da Ibiapaba e emparelhado com a Grécia bastava que estivesse na
Europa neste instante. De resto não precisa de mais nada. A indústria de base,
tipo a automobilística, naval e de máquinas pesadas está é fechando as portas e
colocando no olho da rua, assim sem expectativas e sem choro e ranger de
dentes, milhares de trabalhadores.
Quem diria que aqui na
Parnaíba, esse reduto da prosperidade e onde, igual diziam os ingleses
vitorianos, “o sol nunca se põe” e que a cada hora que passa chega mais
investimentos, o comércio esteja fechando mais cedo e também mandando pra casa
seus atendentes. E o dinheiro em circulação a cada hora ficando mais escasso.
No centro comercial,
ali no calçadão e adjacências as moças das portas das lojas estão com o coração
saltando por cima da camiseta e uma mão na frente e a outra atrás. A gente
passa e as bichinhas correm tudo pras portas naquele desespero de dar pena,
aquele olho de cachorro pidão. Nem calcinha e cuecas, daquelas a três por cinco
reais tá saindo mais.
Aqui perto de casa um
supermercado que abria até dia de domingo, feriados e dias santos, mandou pra
casa mais da metade de seus funcionários e não vai mais abrir aos finais de
semana. Quem quiser comprar um garrafão de água ou um frango pra o almoço vai
ter de correr a cidade inteirinha rezando pra achar um ponto de venda aberto lá
pelas bandas da Caramuru e da avenida São Sebastião. Acabou o conforto.
Outro dia entrei numa
loja pra perguntar o preço de um produto e a moça demorou tanto que eu fui
embora. A estratégia era de me fazer comprar
alguma coisa enquanto estava esperando ela atender outros clientes. E o chefe
dela com aquela cara de gato bebendo leite, nem ligou.
E a gente entra num
ponto de venda e está todo mundo, gerentes e atendentes assim de butuca de olhos
bem arregalados naquele desespero de quem está procurando um tronco de
bananeira pra se agarrar dentro d’água enquanto o barco afunda no delta do
Parnaíba.
Aquele desespero de querer entrar todo mundo
ao mesmo tempo na agência do Banco do Brasil ali na praça da Graça em dia de
pagamento dos professores e da raia miúda da prefeitura. Nem se respeita mais
prioridades para entrar na frente, mulheres, crianças e idosos!
E agora estamos nós e o
Brasil na fila de embarque do aeroporto de Parnaíba indo pra o desconhecido. Aquele
fim de mundo praqueles que estão no desespero da crise econômica. Crise que é
consequência da política econômica de um governo acusado de corrupção e toda
sorte de coisa errada. Mas que serviu e serve ainda pra encher a burra de uns
poucos espertos do PT. Tem gente que está sem saber nem pra onde está indo.
Tem gente saindo do
Brasil levando apenas o celular. E a tendência, Deus me livre de desejar que
piore, mas é que vai ficar pior mesmo. Nem adianta dizer no balcão do check-in
que é filho de fulano, beltrano ou sicrano, que tem mestrado e doutorado disso
e daquilo. Nós estamos neste exato momento, respeitadas as caras, sendo a
Grécia da América do Sul.
E manda a presidente
Dilma Rousseff um ministro com cara de polonês vir oferecer promessas de
dinheiro pra combate à seca. Uma coisinha, uma pontinha aqui pra um e pra outro.
Numa altura dessas do ano? E o Piauí está rente que nem pão quente na fila daqueles
que adoram se mostrar miseráveis, que é pra todo mundo ter pena dele.
E o governador
Wellington Dias fazendo proselitismo, sempre, com aquele jeito manso de pastor
evangélico e tentando a todo custo fazer todos nós acreditarmos que está tudo
muito bem e que o enxame de abelhas africanas está apenas de passagem por nosso
quintal. Portanto, pra quem deseja ou desejou um dia conhecer a Grécia e
aqueles monumentos velhos e se esfarelando de podres, digo, vá não. Ela tá
chegando pra morar, se não com nós, pertinho de nós.
Pádua Marques
Jornalista e Escritor
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