Quando eu era pequeno,
sempre ouvi dos mais adiantados em experiência e em idade que, menino que muito
apanha, das duas uma: ou aprende pra vida ou fica de todo sem vergonha. Pode
observar que menino que muito se deixa fazer tudo aquilo que quer acaba ficando
que não vale um real quando adulto. Mas por outro lado se a ele se ensina
responsabilidades, respeito e acima de tudo cumprir seus deveres e promessas,
esse vai ser um homem de bem.
Mas eu fiz esse arrodeio,
esse relambordo todo pra chegar ao ponto, na atual situação em que se encontra
o Brasil, que, sem exageros, anda com a bunda pra cima catando lata. Eu não
duvido nadinha se na hora que esta maré de dificuldades passe e a canoa chegue
ao porto, mesmo com alguns arranhões no casco e ainda com alguns sobreviventes,
se o Brasil, seus empresários e principalmente seus políticos não tiverem
mudado. Mesmo que seja uma coisinha de nada.
Não é possível que
depois de toda essa enxurrada detrás de casa, com esse rio levando tudo o que
encontra pela frente, desde vaso sanitário, tampo de fogão, carcaça de
geladeira velha, chinela japonesa, resto de cadeira, garrafa pet até grelha de
fogão. Feito essa tempestade de granizo que deixa telhado de amianto cheio de
buracos, essa emborcada de canoa sem remo na baía de São Bernardo, os políticos
brasileiros não tomem vergonha na cara e não se afinem com as exigências da
vida em sociedade democrática e republicana.
Da mesma forma que eu
acredito que na Economia, depois de toda essa nuvem escura ali pros lados da
lagoa do Portinho e do Catanduvas, com de demissões na indústria, no comércio e
serviços, fechando desde os grandes grupos até os de ponta de esquina da Caramuru,
não apareça uma nova mentalidade empresarial no Brasil. Eu acredito que esta
crise vai ser é boa e inspiradora pra que apareçam novas lideranças
empresariais até melhores do que essas que estão aos poucos morrendo. Porque
não dá pra acreditar que depois de toda essa guerra a gente não descubra quem
são os nossos inimigos.
Eu acredito que deve
aparecer de dentro, saindo dessa crise econômica, uma ou mais de uma pessoa,
uma liderança que seja, com capacidade empresarial para alavancar a indústria,
o comércio e os serviços e dar uma resposta de pronto ao que muito se espera.
Porque neste momento o Brasil está que nem prego em madeira bem dura. Apanha na
cabeça que nem diabo. Entorta todo. Enverga todo. E de tanto apanhar na cabeça
fica sem ponta. E se a gente tenta a força bruta ainda é capaz de saltar e nos
causar ferimentos.
E creio que nesta
altura dos acontecidos ninguém queira que fique o Brasil igual aquele prego de
caibro, que pra entrar na madeira é necessária muita pancada na cabeça. E
ninguém quer que o Brasil amanhã ou depois de amanhã, quando passar esse
castigo, saia pelo mundo feito aquele menino que foi criado debaixo de cipó de
tamarindo, em quem muito se bateu de cinto ou palmatória e que, quando adulto
foi se transformar num tipo difícil e que somente a polícia pode dar jeito.
Por Pádua Marques
Jornalista e Escritor
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