Uma equipe jornalística foi até
uma igreja para fazer um documentário sobre intolerância
religiosa com a proposta de coexistência harmoniosa com qualquer religião ou
segmento social justamente num momento em que o país parece viver o limiar de
uma guerra nada santa, protagonizada por grupos evangélicos extremistas. O
pastor da igreja Reina do Engenho Novo, no Rio de Janeiro, considerou que esta
poderia ser uma oportunidade de ouro para mostrar o outro lado. Nem todos
pautam seu discurso no ódio, no preconceito, num moralismo radical.
"Sempre ouvi
que em se tratando de TV, uma imagem fala mais do que mil palavras. Senti-me
impulsionado a fazer algo que talvez pudesse despertar a consciência de muitos
quanto à necessidade de se resgatar a mensagem central do evangelho: o amor",
declarou.
Ele convidou algumas
pessoas para que representassem segmentos sociais que têm sido vítimas de
intolerância, não apenas por parte das igrejas, mas também por parte da própria
sociedade. Após algumas canções de louvor e a ministração de uma palavra, ele pediu
para que essas pessoas subissem ao púlpito. Entre elas, alguém representando a
comunidade LGTB, outra representando os cultos afros (ambas vestidas à
caráter), uma portadora de necessidades especiais, um negro, uma Boliviana que
foi explorada no país, um sociólogo que professava o ateísmo e uma bióloga
representando a ciência. O pastor se ajoelhou e com uma bacia cheia
d’água, começou a lavar e beijar seus pés, rogando que os perdoassem por toda a
discriminação sofrida. Na plateia, lágrimas. "A presença de Deus era
nítida entre nós. Era como se o abismo profundo que nos separava fosse
finalmente transposto. Deixei a igreja com aquela sensação de missão
cumprida.", disse.
"É tempo de
construir pontes e não de escavar abismos. Não quero ver meu país dividido numa
guerra estúpida, que de santa não tem nada. Gente, mais amor, menos rancor, por
favor. Afinal, Deus nos confiou a palavra da reconciliação, não da condenação.
O mesmo Espírito que agiu através de Martin Luther King nos Estados Unidos e de
Mandela na África do Sul, impedindo que seus países se mantivessem divididos
pela segregação, está persuadindo homens e mulheres a emprestar seus lábios
para destilar Sua graça e amor.Infelizmente, há entre nós muitos que escolheram
julgar, discriminar, odiar, mas ainda há tantos outros que, constrangidos pelo
exemplo de Cristo, escolheram amar e amar até o fim",pontuou.
Fonte: Meio Norte
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